domingo, 21 de julho de 2013

Isso não é um texto laico.

- Sim, eu sou católica.
- Mas católica do tipo vai na missa?
- Sim, quase todo domingo.
- Sério? E você gosta?
- Gosto, sério.
- Nossa, que raro, isso...

Eu tive conversas como essa muitas vezes. É fato que a juventude cada vez menos participa ativamente de comunidades religiosas, e eu nunca fiz muita questão de mostrar que eu fazia, até porque era vista como diferente. Ter uma religião sempre foi algo que simplesmente "aconteceu" na minha vida e sempre tive as minhas convicções; já discuti com muitas pessoas sobre a existência de Deus e a intransigência da Igreja Católica. Mas a religião nunca tinha sido protagonista na minha vida (dói um pouco assumir isso) - até esta semana.

Dia 23 começa a Jornada Mundial da Juventude no Rio de Janeiro, um encontro com o Papa. Milhões de pessoas são esperadas no que será um evento de muitas primeiras vezes: a primeira viagem internacional do Papa Francisco, sua primeira JMJ, minha primeira JMJ, a primeira vez da JMJ no Brasil, a primeira vez do Papa no Brasil. São muitos eventos que acontecem ao longo de uma semana que prometem integrar os jovens católicos do mundo inteiro.

Antes dessa semana, porém, sempre acontece a Semana Missionária: os jovens dos outros países vêm antes para o país-sede e ficam em outras cidades, para conhecer mais da sua cultura. Curitiba recebeu muito deles desde terça-feira, dia 16. Na minha paróquia, Bom Jesus dos Perdões, recebemos mais de 40 poloneses - e foi uma experiência maravilhosa. 




No Mon, com minha irmã e Karine Bravo, a famosa blogueira de moda summer408
A programação incluía turistar com os europeus (Jardim Botânico, MON e Largo da Ordem), apresentações de teatro e de danças típicas brasileiras, workshop sobre a realidade social, missas e orações, procissões, e até uma festa junina - que, sinceramente, foi o ponto alto! Eu não conseguia acreditar que poloneses e brasileiros dançariam sertanejo juntos. Também era emocionante quando a mesma música era cantada ou a mesma oração era rezada ao mesmo tempo nas duas línguas. 
A comunicação foi apenas um detalhe. Gestos, mímicas e inglês foram muito usados. A animação e a predisposição de TODOS, viajantes e voluntários, foi essencial. No fim, os brasileiros ficavam se xingando em polonês e os poloneses ficavam dizendo "oi, sua linda" para as meninas.

Um dia antes da chegada deles, fiquei pensando o que sabia sobre a Polônia, e me descobri numa ignorância imensa. Sabia qual era a capital e o idioma falado, sabia que tinha sido o "quintal" da Alemanha e depois da União Soviética, e que tinha ficado muito tempo sob o comunismo. E, de relevante, nada mais.
Acabei descobrindo um povo incrível que parece viver num país muito bom - e que saiu do comunismo há apenas 23 anos! Absolutamente todas as pessoas com quem conversei eram simpáticas e acrescentaram alguma coisa. Tinha o Michał Orzechowski, que é a pessoa mais amigável que eu já conheci. Ele é advogado em Varsóvia e queria entender tudo sobre o Brasil. Um amor de pessoa. Tinha o Łukasz Sawicki, que tem 22 anos, estuda sociologia e tem um projeto como o protagonista do filme Na Natureza Selvagem (Into the wild): ele tem uma kombi colorida e viaja com ela pela Europa! É fantástico (pra quem se interessar, visite a fanpage no Facebook, com o nome Chilli Ogorek). E tem olhos tão azuis que são quase transparentes. Tinha o Marcin Banasik, que vai começar o que seria um curso de "letras polonês/italiano" e que era simplesmente um amor. Tinha o Alek Wiśniewski, que cantava o tempo todo e na festa junina me puxou pra dançar sertanejo com ele. Tinha o Damian Seliga, que tirava foto o tempo todo e depois dava zoom no rosto de todo mundo. E tinha o outro Marcin (não descobri seu sobrenome) que soube que eu falava um pouco de francês e aí não quis mais saber de inglês comigo. 
Status: me sentindo europeia
Isso é piegas, mas: poloneses, eu vou sentir muita falta de vocês. O meu ladinho "aspirante à europeia" ficou muito feliz com a semana que passou, com as músicas e palavrinhas polonesas que aprendi: POSLKA BIALO CZERWONI!

A grande lição de tudo isso é que, acima de todas as possíveis dúvidas, hipocrisias e pecados, há uma grande vontade de expressar a fé sentida. Foi isso que os moveu até aqui e que vai mover ainda mais gente ao Rio - incluindo minha irmã e eu. Estou mais feliz do que nunca por ser católica. Isso É possível. 

2 comentários:

  1. Tá, eu sei que você tá cansada de me ouvir dizer isso, mas, sim, eu estou (novamente) morrendo de orgulho de você, prima. Beijo grande e aproveite a JMJ pra reforçar a sua fé! Vou ficar aqui com Arthur, procurando você e a Jasmi no meio desse mundão de gente no Rio de Janeiro!

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