quarta-feira, 6 de novembro de 2013

Caro curitibano

Rio Negro não é Rio Negrinho e nem fica no Amazonas. Confesso que a decoração de Natal em Rio Negrinho é bem mais bonita e que o rio no Amazonas é bem maior que em Rio Negro.

Mas é só nessa cidade paranaense que você encontrará pessoas que lhe darão bom dia, seguido de um sorriso. Sim, existem pessoas que fazem isso sem pedir sua carteira e seu celular.

Você não precisará perguntar ao Google qual ônibus você deve pegar para ir até Mafra porque só existe uma linha. Não, isso não é ridículo. Uma linha de ônibus traz benefícios ao meio ambiente, visto que são menos ônibus para vomitarem gás carbônico no ar.

Mafra? Desculpe. Rio Negro é vizinha de Mafra, que fica em Santa Catarina. Atravesse uma pequena ponte e você mudará de Estado, sem precisar pagar pedágio. São poucos os que podem morar no Paraná e estudar em Santa Catarina, demorando menos de meia hora para chegar ao colégio.

Fique calmo. Não decore os nomes das ruas. Pegue um ponto de referência e diga, sem medo de errar: “Tô na rua da biblioteca pública, só que mais pra baixo”, “Moro perto da subida do Caetano”. Todo rio negrense e mafrense saberá onde você está. Se estiver perdido – o que significa que você tem problema – peça informação, COM CERTEZA ABSOLUTA, alguém irá te ajudar.

Só em Rio Negro você pode fechar a janela do quarto e ter um silêncio delicioso. Você não ouvirá barulho de carros, ambulâncias, polícia, gritos. O máximo que você pode ouvir é o cachorro do vizinho latindo porque viu um gato ou os quero-queros malditos que despertam às sete da manhã no sábado. Caso você não saiba, amigo curitibano, quero-quero é um passarinho.

Por ser uma cidade pequena, todo mundo sabe tudo sobre você. Não veja pelo lado ruim. Caso você precise do número do seu RG e esqueça, algum rio negrense saberá e lhe dirá. Viu? Anonimato nem sempre é bom.

Não me julgue, curitibano. Continuarei a acenar para você se estiver do outro lado da rua. Gritarei seu nome no meio da Praça Tiradentes se encontra-lo. Irei te dar um bom dia com um abraço. Sem dúvida, irei chorar quando o Faxina passar algum vídeo fofo. Fazemos isso em Rio Negro.

Desculpe curitibano. Irei encará-lo se você tiver o cabelo verde. Acharei estranho você passar reto pelo seu colega de turma. Julgarei se você for muito individualista e competitivo. Em Rio Negro não fazemos isso.  

Sei o que você está pensando. “Que bicho do mato”. Sou mesmo. Não gosto de palavrões e não consigo entender como alguém vive sem carne. Respeito isso. Mas não respeito quem não conversa com os velhinhos nos ônibus nem sabe o nome do porteiro do seu prédio. Meio absurdo.


Sem ressentimentos, Curitiba. Você é linda. Amo seus prédios enormes, suas luzes e todas as espécies de pessoas que você agrega. Só me perdoe por ser tão caipira.