segunda-feira, 28 de outubro de 2013

ENEM


    Depois de um final de semana inteiro dedicado ao nosso amado e odiado ENEM, os nossos futuros calouros dão o primeiro passo para entrarem na UFPR e desfrutarem da nossa tão amada e adorada universidade. Nós, que observamos o ENEM de longe, demos muitas risadas porque sempre tem uns "espertões" que fotografam a prova, outros que chegam atrasados e teve até um que desmaiou!! Mas quer saber!?? Aos muitos outros que conseguiram chegar na hora, que souberam cumprir o que a redação exigia, sinceramente, eu estou muito ansiosa com a chegada de vocês calouros! A gente, que já passou por isso, sabe que o ano de vestibular, é um ano super difícil, mas o que a faculdade trará pra vocês, compensa todo esse sofrimento. Já comecem a se sentir bem vindos, calouros 2014! 

segunda-feira, 21 de outubro de 2013

Olha o que o amor traz


Rosas amarelas significam amizade, sucesso e uma forma de festejar entre pessoas conhecidas, como em casamentos, aniversários e a recuperação da vovó no hospital. A conclusão óbvia desse fato é que jamais se deve conquistar uma mulher com rosas amarelas. É importante lembrar também, que existe uma parte da população feminina que não gosta desse clichê do século passado e preferem as ações originais que as deixem sem palavras. Dar flores para esse tipo de mulher pode ser desastroso. E por sorte, ou falta dela, me encaixo nessa “espécie”.

A sala de biologia estava lotada. A única voz a ser ouvida pelos trinta alunos presentes era a da professora que tentava fazer com que todos despertassem e prestassem atenção a aula de genética. “Isso vai cair no ENEM”, dizia ela. Porém, quanto mais tentava focar os olhos no capítulo sobre as Leis de Mendel, mais o sono me consumia.

Então, surge a figura que iria desgraçar de vez aquela quarta-feira: a secretária do colégio. Ela trazia um buquê de doze rosas amarelas com matos verdes, semelhantes àqueles que se leva ao cemitério no dia de finados. Estavam embrulhados em plásticos dourados e transparentes, envoltos por uma fita laranja. Lembro-me de eclodir uma gargalhada interna e sentir pena por quem iria receber aquele presente bizarro.

Percebo que a vida é cruel: as flores eram para mim. Ser um avestruz naquele instante teria sido apropriado. Ao recebê-las, leio as palavras no cartão em letras bem desenhadas. O conteúdo era de cegar. A turma descobriu que eu era o amor da vida de tal Maicon e que eu “trouche” felicidade ao seu coração apaixonado. Ouço alguém dizer: “Quem diabo é Maicon?”. Nem eu mesma sabia. Em seguida, cheiro as flores. Se arrependimento matasse, não daria tempo de morrer desse mal. Quase desfaleci com o odor de peixe apodrecendo vindo das rosas. O olhar sonhador das meninas sumiu ao sentir aquele cheiro e deu lugar a olhares enojados. Não sabia que era possível sentir raiva de alguém que nem se conhece. Mas eu senti uma raiva mortal do tal Maicon.

Os passageiros do ônibus não mereciam compartilhar da tragédia. Por isso, um amigo, cujo carro ficou encalacrado com o fedor da planta, deixou em minha casa o presente. Foi deixado em cima da toalha branca da mesa da sala. No fim do dia, era impossível entrar ali, o odor remetia a um necrotério. Como se não bastasse, a toalha sob as flores ficou manchada de amarelo, como se tivesse sido queimada. Aquele foi o fim. As flores foram para o lixo.


Mais tarde descobri que Maicon havia me visto em uma festa e se apaixonado a primeira vista. Investigou minha vida, descobriu o colégio em que estudava, a rua onde morava, o nome da minha cadela e o número do meu celular. Ligou e enviou mensagens. Resolvo informa-lo que odeio flores e que ele fez da minha vida um inferno. De repente, Maicon some.  Fico preocupada e imagino que tirou sua própria vida ao não ser correspondido. Descubro que ele mudou de cidade. Mas que ainda tem esperanças e planos - sem rosas amarelas, dessa vez-, para me conquistar. 

quinta-feira, 17 de outubro de 2013

Sobre escrever


Ano passado era impressionante, minha cabeça parecia ateliê de artista. Toda a tarde, quando eu sentava para estudar, meu cérebro recusava qualquer tentativa de aprender um pouco de física ou química e se punha a imaginar as mais alternativas histórias que eu poderia estar escrevendo naquele momento.
Tudo o que me restava a fazer era suspirar e pensar; “se eu ficar escrevendo histórias não vou passar no vestibular”. Por outro lado, se eu estudasse física minhas chances aumentariam consideravelmente.
Acho que não preciso dizer que xinguei o sistema educacional brasileiro mais vezes do que posso me lembrar. Por quê um jornalista tem que saber a diferença entre dipolo-induzido e dipolo-permanente de memória? Não seria mil vezes mais útil focar em como escrever um texto decente?
O jeito que arrumei de controlar a minha raiva foi prometendo a mim mesma que, se eu passasse no vestibular, eu ia poder escrever quantos textos quisesse sobre o que me desse na telha, no ano que vem.
Ah, esse famigerado “ano que vem” chegou, e quem disse que as ideias que me acompanhavam ano passado resolveram passar no vestibular comigo? Nada. Elas ficaram revoltadas e perdidas em algum lugar de 2012.
Foi só começar o segundo semestre e ter que escrever uns dois textos por semana que a criatividade bateu asas e voou (desculpem o clichê). Agora, pra sair qualquer frase é um suplício tão grande que parece trabalho de parto. E pra ter ideia sobre o que escrever então? Passo horas olhando para as pessoas na rua, cogitando temas, mas todos parecem batidos demais. Vou escrever sobre dança. Não, eu sempre escrevo sobre isso. Então vou sair na rua e acompanhar a rotina de alguém. Todo jornalista que se preze já fez isso também. Então vou contar quantos velhinhos tem na quinze de manhã. Cara, que monótono.
E o dilema persiste.
Até que, de repente, vem a ideia. E eu só consigo pensar nela. Sento e ligo o computador, fito por alguns segundos o cursor do Word piscar e o texto vem, com muita dificuldade, mas vem. Penso em cada palavra, cada frase. Releio. Mudo uns bons parágrafos. Releio em voz alta. Mudo mais um pouco. Acho que está passável.
E então vem o alívio. Consegui!
Normalmente uma madrugada antes do prazo final, mas não interessa, o texto está pronto enfim.
Depois da entrega me dou o luxo de desfrutar uns dois dias de folga, sem pensar em ideias inovadoras, lendo textos de outras matérias, assistindo aquele filme novo que chegou na locadora.
Alguns rascunhos de ideias mal desenvolvidas até se arriscam a aparecer nesses dias de descanso, mas parece que quando deito no travesseiro na madrugada de domingo para segunda elas se recusam a me acompanhar, e o dilema recomeça. Ideias criativas odeiam segundas-feiras.


Nota: sei que a Vic postou alguma coisa parecida aqui há uns dias, parece que não sou só eu que estou sofrendo de bloqueio criativo ultimamente...

domingo, 13 de outubro de 2013

37-38 coisas que ganhei com a faculdade.


Uma lista das algumas coisas que a faculdade já me proporcionou.
Porque até o mais indeciso não pode negar algo: a UFPR é linda e esses 6 meses mudaram o que chamam de vida.

  1. Comer almeirão;
  2. Preencher "Ensino Superior Incompleto" em fichas;
  3. Colecionar crachás de eventos intelectuais;
  4. Entrevistar a dona do Graxaim;
  5. Conviver com moradores de rua;
  6. Receber telefonemas de moradores de rua;
  7. Comer marmita na praça do Palácio do Governo;
  8. Conhecer amigxs legais;
  9. Ter uns 10 grupos a mais no Facebook;
  10. Redescobrir o Centro de Curitiba;
  11. Entender que, para algumas pessoas, a palavra "mimosa" só serve para denominar vacas, não frutas;
  12. Ser presa numa cadeia de festa junina;
  13. Ter férias em agosto;
  14. Convencer pessoas a prestarem vestibular para o meu curso, quando nem eu tenho certeza sobre ele;
  15. Ganhar comida - pão com mortadela - de um morador de rua;
  16. Avaliar qual é o melhor RU de todos;
  17. Colocar "Estuda em UFPR'' no Facebook;
  18. Coletar dinheiro no sinal;
  19. Estudar sobre as Mulheres Ricas;
  20. Esquecer contas básicas de matemática;
  21. Explicar para todos em que e onde trabalho (O que é NCEP?);
  22. Conversar sobre assuntos aleatórios (namoros, política e futuro) na hora do almoço;
  23. Perder o horário para tudo;
  24. Fazer da Federal meu lugar de estudo, almoço, trabalho e - por que não? - lazer;
  25. Dublar músicas do RBD na Prattica;
  26. Analisar o comportamento do Félix, da novela, para um trabalho;
  27. Conhecer a redação de um jornal;
  28. Comer de graça em eventos por ser "jornalista";
  29. Entrevistar um escritor de livros;
  30. Conhecer um lar para mulheres que sofreram violência;
  31. Contar moedas para o RU - e, com sorte, para o Baiano;
  32. Tomar a maior chuva da vida;
  33. Sonhar com um possível intercâmbio;
  34. Passar mais tempo no ônibus - às vezes - do que na aula;
  35. Ter 1001 caderninhos de anotações;
  36. Virar a revisora de textos número 1 da família;
  37. Carregar sempre algo para ler na bolsa;
  38. Cansei.

sexta-feira, 11 de outubro de 2013

Bloqueio criativo

(Título alternativo: "O post mais nonsense da história de todos os blogs de calouros e estabelecimentos comerciais que vendem comida que já existiram")



Eu não tenho um texto. Desculpa. Isso é tudo que eu tenho para dizer hoje. Desculpa de novo. Tinha certeza disso desde o fatídico dia em que postaram o calendário de postagens da semana, mas fingi que não tinha ideia. Adiei a tarefa de abrir o editor de textos até o último minuto porque eu sabia. Quando finalmente cliquei sobre o ícone do Word, descobri que minha licença do Microsoft Office havia expirado – talvez porque ele também soubesse. Fiz o download de um conjunto de programas alternativo para desencargo de consciência. O OpenOffice, por sua vez, insistia em não completar a instalação. Toda vez que uma caixa de diálogo com mensagens de erro aparecia eu esperava ler um singelo “Vê se me esquece, eu também já sei. Não vou fazer parte disso”. Aposto que alguém bateu com a língua dos dentes porque no fim do dia, todo mundo já sabia que eu não tinha um texto, menos vocês. Até agora, é claro.

Vejam bem, eu podia ter fingido que esqueci. Ninguém ia reparar. E se alguém reparasse, era só dar de ombros e dizer que a tabela com a escala de postagens tinha se perdido em meio ás milhares de informações do grupo dos calouros no Facebook ou que eu estava ocupada resolvendo muitos problemas de gente grande essa semana e pronto. Mas se eu não postasse, meu nome sairia do calendário até eu lembrar de pedir para me colocarem lá de novo. Se eu bem me conheço, ia adiar esse pedido infinitamente e aí é que eu ia esquecer mesmo. Então a próxima geração de calouros chegaria e eu lembraria de implorar para me reinserirem no rodízio do blog, mas já seria tarde demais porque não existiria mais rodízio e nem calendário para esquecer ou fingir que esqueceu. Por isso eu não fingi.

Confesso que cogitei imitar um velho amigo que era dono de uma cantina e nunca aparecia quando o Coxa ganhava. Dependendo da fase, nem quando o Coxa perdia. Ás vezes quando empatava, mas só ás vezes. Fiquei animada com essa perspectiva porque futebol é uma desculpa plausível para tudo. Me disseram que até dá falta justificada quando você trabalha em estabelecimentos comerciais que vendem comida ou em blogs de calouros. Abracei a ideia porque parecia ótima, até que percebi que o Campeonato Brasileiro não está fácil para ninguém, só para o Cruzeiro. Se uma pessoa negligenciasse suas obrigações com essa desculpa esfarrapada, todo mundo também teria que negligenciar e o caos se instalaria em todos os blogs de calouros e cantinas que não fossem dirigidas por cruzeirenses. E como eu não conheço nenhum cruzeirense, achei melhor deixar quieto e vir postar qualquer coisa mesmo. Além do mais, descobri que o resultado do Coxa na noite de ontem não foi satisfatório para uma falta justificada . Para ser honesta, o Coxa nem jogou.

Eu ainda não tenho um texto. Nem a licença do Microsoft Office. Nem a versão genérica do Microsoft Office. Nem muitos problemas de gente grande para resolver essa semana. Nem uma desculpa plausível. Nem um jogo do Coxa para ser ou fingir que é uma desculpa plausível. Nem um amigo cruzeirense. Nem uma cantina. Nem uma cantina. Nem uma cantina. GENTE, NEM UMA CANTINA! Isso dá falta justificada em estabelecimentos que vendem comida ou em blogs de calouros? Poxa, eu acho que sim.


Aquelas coisas que ninguém percebe

Uma coletânea de coisas aleatórias que eu instagranei nos últimos meses.
Pra quem quiser acompanhar: http://instagram.com/marissaliba














segunda-feira, 7 de outubro de 2013

O preço de uma paçoca

Chega uma hora da vida em que o homem tem que encarar uma decisão inevitável: seguir um roteiro social pré-estabelecido ou brincar com as convenções. É mais seguro seguir a primeira opção. Mas o que seria do mundo sem as pessoas que nos desarmam...

"Carteirinha, por favor"

"Alguém viu o que tem hoje?"

"Tomara que tenha estrogonofe"

Assim chegava mais um almoço no infame Restaurante Universitário da Reitoria, o RU. Na calçada, tiritando de frio mesmo sob o sol do meio-dia, a mais plural fauna universitária curitibana. Enfileirada. Esfomeada.
Prestes a entrar, André coçava a longa barba ruiva com seus dedos finos, enquanto observava um cartaz de uma mostra de cinema sobre distopias. Seus amigos discutiam  a paralisação dos servidores públicos, que ocorreria no dia 30 daquele mesmo mês. Ajeitou os óculos enquanto procurava 30 centavos na carteira. Pagou. Permaneceu naquela fila - fazendo uma inevitável analogia entre ela e um matadouro. Sentiu o bafo quente do aglomerado de pessoas. Encheu sua bandeja o mais simetricamente possível. Achou um lugar vago. Sentou. Enquanto cutucava a sobremesa com uma colher, não pôde deixar de ouvir a conversa que vinha do grupo sentado ao seu lado.

"Descobri um lugar que vende esfiha de paçoca.

André largou os talheres e estabeleceu contato visual com o jovem que havia proferido aquelas nove palavras mágicas.

“O nome”, sua voz saiu grave e as palavras imprecisas. O jovem, confuso, não sabia o que responder e, mais uma vez, André falou: “Me diz o nome do lugar. O lugar que vende a esfiha de paçoca”.

“E-eu não lembro". Desespero.

“Pois trate de lembrar" - com uma mão o ruivo ajeitou a boina, enquanto a outra tateava a colher. Colher que empunhava quando ameaçou: “Você quer morrer, rapaz?”. André, ruivo e pálido. O jovem, moreno e rubro. E dos dois lados da cena figurantes atônitos, contendo o riso. O rapaz gaguejava, tentando lembrar o nome do maldito lugar. Embaraço. Até que...
“Você tem sorte”, André baixou a colher - Tenho um compromisso depois do almoço. Por isso vou deixar você viver. Mas, se quiser morrer, vou jantar aqui lá pelas seis e meia. 'Cê tem até esse horário pra lembrar o nome do lugar”

O rapaz agradeceu a segunda chance. Entre risadas, os dois se despediram. Um levando uma história pra contar, o outro uma necessidade súbita de comer a tal esfiha de paçoca.

André voltou para a sua sobremesa. Levou a colher à boca e mastigou.

“Alguém mais achou essa torta de amendoim meio sem gosto hoje?”



* texto feito originalmente para a aula de Redação Jornalística I

terça-feira, 1 de outubro de 2013

Cada pessoa é um mundo


Quando foi que comecei a ser assim tão curiosa com a vida dos outros? Sei que esse (mal?) hábito tem sido muito incentivado pelas aulas de redação ultimamente.


Todas as manhãs de segunda, quarta e sexta-feira, aproximadamente às 8:15,  pouco depois de buscar a Thaíssa para a carona habitual nós duas paramos no sexto semáforo da avenida Getúlio Vargas. Neste semáforo está o senhor que distribui jornais Métro. Nós abrimos a janela e acenamos para ele, pedindo um jornal. Ele vem até nós sorrindo, nos entrega um exemplar e diz: “Bom trabalho, meninas.”
Uma vez parei sozinha lá numa terça-feira e acenei para o senhor. Ele veio até mim alegre como sempre e repetiu a frase costumeira; “Bom trabalho, meninas.”
Ele não reparou que eu estava sem companhia dessa vez.
Fiquei pensando então, será que ele reconheceu mesmo o carro e pensou, “Ah! São aquelas meninas que sempre param aqui nas segundas, quartas e sextas.” Ou será que ele deseja bom trabalho para todos aqueles que pegam seu jornal? Mas isso não explicaria o uso do vocativo “meninas”.
Prefiro acreditar que ele já nos conhece, que é nosso amigo de rotina.
Quantas pessoas assim a gente não encontra no decorrer da vida? Pessoas que ficamos sem saber o nome e que nos fazem companhia todos os dias por breves segundos ou no máximo uns poucos minutos.
A vida inteira me interessei em inventar histórias para elas, pensar o que elas faziam durante todo o resto do dia em que não as via.
Mas nunca, até esse ano, me interessei pela real história da vida delas. Quem é esse senhor que me entrega jornais Métro três vezes na semana? Qual é o seu nome? Será que ele tem outro emprego durante o resto do dia? Quantos anos ele tem? Terá família?
São poucos os segundos que interajo com ele, mas são o suficiente para que eu me lembre bem do seu rosto e ele do meu. Queria poder lhe dizer que na verdade não trabalho, apenas estudo. Queria saber mais sobre ele. O tempo que o semáforo permanece fechado é curto demais para isso.