segunda-feira, 1 de julho de 2013

As coisas que eu nunca disse

                                    Essa é a última vez que eu faço mimimi em um post. Eu juro.

Eu queria Jornalismo. Meu amigo queria Odonto.
Numa manhã dessas em que deveríamos estar na aula, ficamos sentados na grama, olhando para o nada e discutindo como seriam nossos futuros colegas – quando, eventualmente, passássemos em algum vestibular. Não demorou para chegarmos a um consenso sobre os estereótipos para o curso dele, mas tivemos uma longa discussão sobre as projeções das pessoas com quem eu dividiria boa parte do meu dia – quando, eventualmente, passasse no vestibular. “Pessoal cult, meio hipster, alternando os temas das conversas entre Comunismo, poesia lírica e filmes do Godard”, ele disse. “Não é possível que eu vá ser a única que curta música pop de qualidade duvidosa, assista séries adolescentes bobas e recite citações de Meninas Malvadas por aí”, respondi. Mas era possível. Completamente possível. Terrivelmente possível. Ele sabia. Eu também.
Eventualmente, passei no vestibular. Em meio a todos aqueles abraços, telefonemas e emoções controversas, tinha uma coisinha que se sobressaía a todas: O medo. Medo de uma porção de coisas. Entre todos os temores, um que eu nunca verbalizei por soar bobo demais: O de não me encaixar. Não seria a primeira vez e provavelmente não seria a última, mas seria tão frustrante quanto ser obrigada a começar um fichamento em plena final da Copa das Confederações ou não ter uma cantina para tomar café quente ás oito da manhã de um dia frio. Seria horrível.
O tempo passou e eu sofri calada. Por via das dúvidas, tentei ler Clarice Lispector (se eu soubesse o que me esperava, juro que teria tentado com Hobsbawm). Só para evitar os julgamentos, dei Curtir (desfazer) em uma boyband ou duas. Ou talvez dez.
Já faz (quase) um semestre. (Quase) Uma vida. Agora, quando aquele amigo pergunta se estou gostando do curso, eu gostaria de poder contar que eu finalmente tenho com quem discutir séries adolescentes bobas, cantarolar músicas pop de qualidade duvidosa e declarar amor incondicional por Meninas Malvadas. Eu gostaria de poder contar que, talvez, eu não seja tão esquisita como pensava – ou talvez sejamos todos. Ao invés disso, me limito a responder que estou amando tudo. Todos. Menos Hannah Arendt.


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