Férias
de
verão
e
três
amigas
sozinhas
na
praia.
Aquela
velha
história
clichê
que
toda
menina
já
quis
adicionar
à
sua
biografia.
Uma
proposta
da
melhor
amiga
de
passar
as
férias
entre
meninas
na
desejável
praia
de
Balneário
Camboriú.
Um
dramático
término
de
namoro.
Óbvia
aceitação
instantânea.
Já
sabe
o
começo
e
o
fim
dessa
história?
Está
enganado.
Não
será
dito
nada
sobre
um
amor
de
verão
que
quebrou
algum
coração
ou
sobre
um
magnífico
nascer
do
sol
visto
à
beira
mar
com
alguém
até
então
desconhecido.
Hoje
e
aqui,
a
história
se
passa
a
partir
de
uma
aparição
até
então
inusitada.
Uma
cigarra.
Uma
cigarra
e
três
meninas
sozinhas.
E,
para
ser
mais
exata.
Uma
cigarra
descomunalmente
grande
e
berrante
e
três
meninas
sozinhas
descomunalmente,
naquele
momento,
frescas
e
barulhentas.
Era
um
fim
de
tarde
quando
a,
considerável
maldita,
criatura
apareceu.
Fernanda
– a
do
dramático
término
– estava
no
banho,
Letícia
na
sala
e
Giovana
no
quarto.
Mais
que
de
supetão
os
berros
de
desespero
da
Letícia
chegaram
ao
banheiro.
Em
segundos,
Fernanda
já
estava
em
pânico,
seria
o
motivo
disso
a
invasão
de
alguém
no
apartamento?
Algum
tarado
teria
entrado
ao
perceber
que
apenas
as
três
se
instalaram
lá?
Com
hipóteses
formadas
em
tempo
de
uma
piscada,
saiu
com
tudo
do
box.
Enrolou-se
na
toalha.
Encontrou
Letícia
afobada.
Ela
começou
a
descrever
o
que
havia
passado.
Foi
um
bicho,
ele
me
atacou.
Por
um
considerável
segundo
Fernanda
pôde
se
sentir
aliviada.
Mas
o
inseto
voltou
a
aparecer.
Os
gritos
afobados
também.
Dessa
vez,
foi
Giovana
quem
apareceu
apavorada
com
a
gritaria.
Ainda
sonolenta,
juntou-se
ao
recital
de
gritos
depois
de
ver
a
criatura
voando
entre
elas.
Vale
ressaltar
que
ninguém
tinha
se
deparado
com
uma
cigarra
antes.
Enfim,
cessou-se
o
alvoroço.
A
coitada
da
cigarra,
talvez
a
mais
assustada,
se
escondeu.
O
pior
começou.
O
barulho
era
simplesmente
ensurdecedor.
As
três
agoniadas
procuravam
de
onde
vinha
o
som.
Encontraram.
O
canto
cessou.
Nem
a
vassoura
na
mão
deu
coragem
para
mandar
o
bicho
embora.
Chama
o
vizinho,
alguém
gritou.
Não,
ele
vai
contar
pra
minha
mãe,
retrucou
a
dona
do
lugar.
O
canto
voltou.
Elas
se
esconderam
no
corredor
do
elevador.
Voltaram
pra
dentro
a
fim
de
filmar
o
inseto.
Ele
deu
as
caras
de
novo.
Elas
fugiram
pelo
apartamento.
Ele
se
escondeu
de
novo.
E
todas
as
quatro
criaturas
berraram
de
novo
e
de
novo.
Isso
é
um
demônio,
disse
uma
delas
quase
chorando,
olha
esse
barulho,
não
é
de
Deus.
Os
berros
deram
lugar
à
gargalhada.
O
clima
de
pânico
deu
lugar
a
um
leve
medinho.
Elas
se
trancaram
no
banheiro
e
se
arrumaram.
Saíram,
ainda
fugidas
do
vôo
da
cigarra.
Uma
hora
ela
tem
que
sair,
concordaram.
Depois
de
boas
horas
na
rua,
voltaram
ao
lugar
onde
conheceram
uma
cigarra.
Feliz
ou
infelizmente,
ela
já
não
estava
mais
lá.
E
depois
desse
dia,
toda
noite
elas
escutavam
alguma
maldita
cigarra
berrando
para
alguém.
Toda
noite.
*Escrito para a disciplina de Redação Jornalística