quarta-feira, 31 de julho de 2013

A história de Mel, por Victoria Tuler.

The following is a work of fiction. Any resemblance to persons living or dead is purely coincidental.
Especially you Jenny Beckman (ou Melina Kluk).
Bitch.

Era uma vez Mel.
Mel era uma garota meio confusa - meio, só um pouquinho. Sabia um monte de coisas sobre si mesma: Que gostava de filosofia, da Grécia e de música de mulherzinha; De rap nacional, de séries de comédia e de camisetas PP. Só não sabia como juntar tudo isso em algo que ela quisesse ser quando crescesse. E foi assim, meio confusa (meio, só um pouquinho) que Mel escolheu RP. Aleatoriamente, no uni-duni-tê (ou quase isso). Demorou um semestre para descobrir que um Relações Públicas não fazia café - o que foi um alívio, já que aí estava outra coisa que Mel sabia sobre si mesma: Detestava café. Não detestava as outras funções de um RP, mas também não amava. Nem gostava, nem desgostava. E foi apenas empurrando com a barriga até descobrir uma outra coisa sobre si mesma: Também não queria ser RP. E como a grama do vizinho sempre é mais verde, não demorou para Mel começar a ver os pontos positivos das outras habilitações. E foi assim, meio confusa (meio, só um pouquinho), que Mel fez uma lista entitulada "Por que jornal?".
1. jornal é mais legal
2. eu posso ser (mais ainda) a Robin de himym <33333
3. eu posso tirar foto pra carteirinha de novo
4. eu posso ser apresentadora de programa esportivo e ser gostosa (ou)
5. eu posso escrever e ser inteligente
6. eu posso ser pobre mas ter dignidade e caráter (ou)
7. eu posso ser rica e manipular as pessoas
8. eu posso trabalhar com foto
9. eu posso conquistar Piter
10. eu posso viajar pelo mundo de aventura
11. eu posso conhecer o Caio Castro
12. eu não preciso explicar o que jornal faz (ao contrário de rp)
Fim.
ps: isso não era um texto até Victoria ver minha lista e decidir fazer uma descrição e cá estamos nós de Tuler ft. Kluk.
ps2: não sou (tão) do rap.
ps3: não me chamem de "Mel".

segunda-feira, 29 de julho de 2013

O primeiro texto no Rascunhos a gente nunca esquece...

"Depois de muito texto, muita reclamação exagerada sobre xerox, passeios de Intercampi e uma tímida ida ao R.U., já estou deixando para trás aqueles tempos de caloura n00b que não sabia nem onde era a Sala de Estudos, e tentando entrar nesse mundo doido de campanhas, flashes e mudanças rápidas pelo qual eu tenho tanto carinho e chamo de PP; foram 4 meses de noites mal dormidas, alguns choros, trabalhos feitos na deadline, uma boa quantia gasta em café, risadas, boa música, cheiro de cigarro impregnado no cabelo daquela vez em que decidi passar o restante da manhã no CACOS trabalhando no briefing do Ponto Pasta, muitos apelidos para professores, muitas reclamações no twitter e... já disse que demos risadas? agora estou finalmente deitando a cabeça no travesseiro sentindo aquela paz de espírito que só não ter mais que ler Hannah Arednt pode te dar.
Quando comecei nessa maluquice toda, eu almejava um campus onde todo mundo era meio hipster, tinha conta no lookbook.nu, curtia Helvetica, aquele filtro Nashville do Instagram, usava suéter étnico, spikes e idolatrava aquele cantor indie que na verdade ninguém sabe o nome. Eu não estava de todo enganada, existem mesmo essas pessoas mas também existe a Fábrica, a Prattica, o calouro de RP e o calouro de Jornal, o André que serve café e um monte de pessoas que você não pode simplesmente rotular. Eu tinha a esperança de só ter aulas cativantes que me fizessem amar publicidade cada vez mais, desvendar o mundo maravilhoso da fotografia e já sair criando campanha, estagiando e com portfólio cheio debaixo do braço mas o que eu encontrei foi um pouco diferente....
Já adianto a calouros e navegantes que, se você quer ser um comunicador, você terá de amar odiar ler... eu não surtei, apesar de que tive a chance, mas é exatamente isso! você precisa amar o que faz mas como bom calouro/veterano/estudante odiar ler cada um daqueles xerox por mais interessante e significativos que eles sejam! Você precisa amar encher a boca para falar de Chatô, Olivetto e Hosbawm fora dos muros do campus mas precisa odiar ter de relacionar eles todos em uma prova (e odiar com razão, afinal de contas, quem tem tempo de ler 21 xerox? Me diz!); você precisa amar o que escolheu fazer mesmo que o Itanel te diga que você vai ser pobre e manipulador mas, relaxa, São Paulo tá só a 400km...
Além de seguir essa premissa querido futuro calouro (estou enchendo a boca para falar isso agora só porque fiz minha matrícula no segundo período hoje), você vai ver que no curso nem tudo são flores, muito menos criar! Você vai ter de trabalhar muito em grupo e vai odiar isso, vai querer bater na pessoa que disse que seu texto ficou bom mas aquele último parágrafo ficou tendencioso ou no professor que te disse que ficou muito "complexo" ou "elaborado", vai querer "enxugar a cara" de quem te falar pra "dar uma enxugada no anúncio" e querer morrer sempre que te perguntarem "o que RP faz?" mas, no fundinho, ser comunicador é isso e, mais no fundo ainda, nós já sabíamos.
Posso não ser jornalista e muito menos a Vic, nossa querida escritora, mas eu sei o que passei nesses últimos meses e que não dá pra colocar tudo isso em palavras sem acabar fazendo alguma piada infame ou reclamando, mais uma vez, do xerox... isso é premissa básica, até a Cici reclama com a gente quando vamos pedir os últimos 6 xerox que vão cair na prova da Rosa, mas eu vou levar esse período com muito carinho porque ele é, de certa forma, um divisor de águas e muita gente já desistiu por conta dele. Admito que em alguns momentos eu tive muita dúvida e me perguntei se era isso mesmo que eu queria, mas consegui saná-las lendo "Na Toca dos Leões" (acreditem se quiser, e eu li tudo) ainda mais quando vi um gênio dizer: “De vez em quando eu acordava e pensava: putz, e se eu não tiver mais nenhuma ideia? E se eles descobrirem que eu sou um engano? E se chegar a polícia?” e acabei ficando mais tranquila e vi que é realmente isso que eu quero, poder criar, fotografar, eu amo fazer anúncios! pagos, institucionais ou só mais um trabalho do Bruno, eu adoro poder começar do nada, aquela tela quadriculada do photoshop e fazer surgir um mundo de coisas!"

Texto publicado originalmente no meu blog ^^

domingo, 21 de julho de 2013

Isso não é um texto laico.

- Sim, eu sou católica.
- Mas católica do tipo vai na missa?
- Sim, quase todo domingo.
- Sério? E você gosta?
- Gosto, sério.
- Nossa, que raro, isso...

Eu tive conversas como essa muitas vezes. É fato que a juventude cada vez menos participa ativamente de comunidades religiosas, e eu nunca fiz muita questão de mostrar que eu fazia, até porque era vista como diferente. Ter uma religião sempre foi algo que simplesmente "aconteceu" na minha vida e sempre tive as minhas convicções; já discuti com muitas pessoas sobre a existência de Deus e a intransigência da Igreja Católica. Mas a religião nunca tinha sido protagonista na minha vida (dói um pouco assumir isso) - até esta semana.

Dia 23 começa a Jornada Mundial da Juventude no Rio de Janeiro, um encontro com o Papa. Milhões de pessoas são esperadas no que será um evento de muitas primeiras vezes: a primeira viagem internacional do Papa Francisco, sua primeira JMJ, minha primeira JMJ, a primeira vez da JMJ no Brasil, a primeira vez do Papa no Brasil. São muitos eventos que acontecem ao longo de uma semana que prometem integrar os jovens católicos do mundo inteiro.

Antes dessa semana, porém, sempre acontece a Semana Missionária: os jovens dos outros países vêm antes para o país-sede e ficam em outras cidades, para conhecer mais da sua cultura. Curitiba recebeu muito deles desde terça-feira, dia 16. Na minha paróquia, Bom Jesus dos Perdões, recebemos mais de 40 poloneses - e foi uma experiência maravilhosa. 




No Mon, com minha irmã e Karine Bravo, a famosa blogueira de moda summer408
A programação incluía turistar com os europeus (Jardim Botânico, MON e Largo da Ordem), apresentações de teatro e de danças típicas brasileiras, workshop sobre a realidade social, missas e orações, procissões, e até uma festa junina - que, sinceramente, foi o ponto alto! Eu não conseguia acreditar que poloneses e brasileiros dançariam sertanejo juntos. Também era emocionante quando a mesma música era cantada ou a mesma oração era rezada ao mesmo tempo nas duas línguas. 
A comunicação foi apenas um detalhe. Gestos, mímicas e inglês foram muito usados. A animação e a predisposição de TODOS, viajantes e voluntários, foi essencial. No fim, os brasileiros ficavam se xingando em polonês e os poloneses ficavam dizendo "oi, sua linda" para as meninas.

Um dia antes da chegada deles, fiquei pensando o que sabia sobre a Polônia, e me descobri numa ignorância imensa. Sabia qual era a capital e o idioma falado, sabia que tinha sido o "quintal" da Alemanha e depois da União Soviética, e que tinha ficado muito tempo sob o comunismo. E, de relevante, nada mais.
Acabei descobrindo um povo incrível que parece viver num país muito bom - e que saiu do comunismo há apenas 23 anos! Absolutamente todas as pessoas com quem conversei eram simpáticas e acrescentaram alguma coisa. Tinha o Michał Orzechowski, que é a pessoa mais amigável que eu já conheci. Ele é advogado em Varsóvia e queria entender tudo sobre o Brasil. Um amor de pessoa. Tinha o Łukasz Sawicki, que tem 22 anos, estuda sociologia e tem um projeto como o protagonista do filme Na Natureza Selvagem (Into the wild): ele tem uma kombi colorida e viaja com ela pela Europa! É fantástico (pra quem se interessar, visite a fanpage no Facebook, com o nome Chilli Ogorek). E tem olhos tão azuis que são quase transparentes. Tinha o Marcin Banasik, que vai começar o que seria um curso de "letras polonês/italiano" e que era simplesmente um amor. Tinha o Alek Wiśniewski, que cantava o tempo todo e na festa junina me puxou pra dançar sertanejo com ele. Tinha o Damian Seliga, que tirava foto o tempo todo e depois dava zoom no rosto de todo mundo. E tinha o outro Marcin (não descobri seu sobrenome) que soube que eu falava um pouco de francês e aí não quis mais saber de inglês comigo. 
Status: me sentindo europeia
Isso é piegas, mas: poloneses, eu vou sentir muita falta de vocês. O meu ladinho "aspirante à europeia" ficou muito feliz com a semana que passou, com as músicas e palavrinhas polonesas que aprendi: POSLKA BIALO CZERWONI!

A grande lição de tudo isso é que, acima de todas as possíveis dúvidas, hipocrisias e pecados, há uma grande vontade de expressar a fé sentida. Foi isso que os moveu até aqui e que vai mover ainda mais gente ao Rio - incluindo minha irmã e eu. Estou mais feliz do que nunca por ser católica. Isso É possível. 

sexta-feira, 19 de julho de 2013

Tipo Maçonaria



A cada dia me convenço mais de que a Federal é um tipo de maçonaria. Afinal, somos poucos, convivemos entre nós e circulamos entre campus, encarando cada canto da UFPR como se fosse nossa casa.
Aqui adquirimos hábitos que acabam nos caracterizando: RU vira referência monetária, intercampi sinônimo imediato de transporte e xerox passa a ser associado a leitura.

Ironicamente, os livros são deixados de lado. Tudo aquilo que havia sido marcado como "vou ler" no Skoob deve ser esquecido por meses, até que cheguem as férias. Eu sei, em uma faculdade particular deve ser diferente. Na PUC, por exemplo, os alunos provavelmente podem ler um livrinho do Dan Brown na semana de provas e está tudo ok.

O cultuado longa Fight Club apresenta regras para aqueles que entram para o Clube da Luta. Eu adaptaria as três primeiras para a UFPR da seguinte maneira: 1) Você fala que é da Federal; 2) Você fala pra todo mundo que é da Federal; 3) Se algum colega estiver morrendo, você deve ajudar. As três são igualmente importantes, mas há épocas em que uma ou outra se destaca: dias de JUCS, por exemplo, leve ao extremo as duas primeiras, já a terceira é para o fim de semestre.

Essas últimas semanas deixaram clara a vantagem de a instituição parecer algum tipo de sociedade secreta. Como só entram trinta calouros por ano em cada curso, as pessoas têm a oportunidade de se conhecer melhor. Dessa maneira, elas ficam mais unidas, prontas para se foder juntas e fazer valer a terceira regra do clube da UFPR.

quinta-feira, 18 de julho de 2013

De onde vem a calma?

 Acho que um dos temas que mais anda em voga nos últimos tempos é a questão do feminismo. E também não é por menos. Num curto espaço de tempo surgiram tantas manifestações – de proporções significativas, aliás – e discussões relativas a temas “novos” como a “cultura do estupro” que é impossível de se passar batido. No entanto uma coisa que eu noto é a falta de compreensão de muitos em relação ao tema mais intrínseco de toda essa discussão: o machismo.
Parece que, para uma grande maioria, o machismo é simplesmente o comportamento desrespeitoso e preconceituoso do homem em relação à mulher. No entanto o termo não se limita a isso. Não são só as mulheres que sofrem com o machismo. Todo homem no mundo também é vítima da ideologia machista, mesmo que isso não seja tão explícito.
Desde pequeno o homem é condicionado a adotar um certo comportamento, a gostar de certas coisas. A gente é ensinado que homem gosta de futebol, brinca de carrinho e não pode se interessar por coisas que tenham um caráter mais sensível. Não. Sensibilidade é coisa de mulher e de bicha. Homem que é homem busca o instinto primitivo da barbárie, da grosseria e desleixo que está lá dentro, no nosso cerne.
Se você é diferente disso, se foge desse padrão: reprima e guarde tudo pra si. Caso contrário suporte a taxação de bichinha, fresco. Caso contrário aceite ser um não-homem. Aceite que você não se enquadra no seu gênero.
Assim todos vamos crescendo, sob a influência de um mundo onde a cabeça pensante do homem tem que ser, sem exeções, a de baixo. Um mundo em que todos os problemas podem ser resolvidos por meio da força. Generalização? Quem sabe. Mas ao menos uma boa parcela das pessoas pensa desse jeito sem nem mesmo perceber. Para ilustrar um pouco a situação peço agora que você, leitor, imagine a seguinte cena: um homem chega numa mulher em alguma balada que seja, e ele leva um fora. A mulher nesse caso “se deu o respeito” e o homem cumpriu seu papel social, de uma forma ou de outra. Agora e se a situação é o contrário? Se a mulher chega no homem e ele dá um fora nela, como os dois protagonistas saem dessa história? Provavelmente o cara seria zoado pelos demais amigos, zoações sem maldade (ou com, também depende dos “amigos”), nada fora do comum. Afinal, que tipo de homem se recusa a desempenhar seu papel de macho alfa? Que tipo de homem se recusa a devorar uma fêmea que se oferece a ele? Apenas um não-homem, claro. Dentro dessa comparação poderia ser feito um link para demais discussões como essa questão da “mulher que se dá o respeito” e o papel instiuído ao homem de angariar ao seu redor o maior harém possível e constituir uma lista pessoal lotada de nomes femininos que já passaram pelas suas garras. Tudo em prol da afirmação da virilidade. Tudo inconsciente, pelo menos em boa parte dos casos. Mas enfim.
Todos sempre fomos condicionados a nos afirmar. A provar pra alguém o que somos. Pra ser homem não precisa gostar de futebol, assistir UFC, saber tudo sobre carros, frequentar academias e só se interessar por filmes de ação. Não. Um homem também pode ter sensibilidade, gostar mais de artes do que de esportes e ver com olhos críticos certos aspectos do “ser macho” - incluindo tudo que já elenquei ao longo do texto, como a necessidade do homem ser o “pegador” para ser homem.
Imagino quantos “diferentes” mantiveram sempre guardada a sua individualidade e repúdio a esses estereótipos, por medo de rejeição, pelo medo do isolamento. E adotaram esses mesmos conceitos antiquados como máscara social, pra não acabarem sozinhos, pra não acabarem sem lugar, sem identidade, sem gênero. Confusos.

Vamos desconstruir o machismo.





"De onde vem a calma daquele cara?
Ele não sabe ser melhor, viu?
Como não entende de ser valente?
Ele não sabe ser mais viril
Ele não sabe não, viu?
Às vezes dá como um frio
É o mundo que anda hostil

O mundo todo é hostil
De onde vem o jeito tão sem defeito?
Que esse rapaz consegue fingir
Olha esse sorriso tão indeciso
Tá se exibindo pra solidão
Não vão embora daqui
Eu sou o que vocês são"

Los Hermanos - De onde vem a calma

terça-feira, 16 de julho de 2013

Promessas incompletas

 A gente fez cursinho, se matou de estudar, vendeu nossa alma para o "santo dos vestibulares", fez macumba para os concorrentes... Porém, ao ver nosso nome na lista de aprovados, parece que tudo isso foi irrelevante. Chegaram as aulas e, agora, reclamamos de ler textos, fazer provas, escrever fichamentos e de acordar cedo -mesmo sendo uns bons minutos mais tarde. 
 No ano de cursinho, pensávamos: "ano que vem eu vou estudar com muito mais ânimo. Quando exatas sair da minha vida, terei muito mais prazer em aprender". Além, claro, da esperança mais comum de um futuro estudante de humanas: "vou ler todos os livros que eu sempre quis e não tive tempo."  


  Nem tudo o que planejamos dá certo, especialmente depois de conhecermos o cacos. Porém, às vezes sinto que relaxei demais, que não aproveitei tudo o que eu podia ter aproveitado. Que eu perdi mais tempo em reclamar do ruim do que em tentar aproveitar o bom.
 Deixo o primeiro semestre com um certo arrependimento por não ter terminado de ler todos os textos do Hobsbawm e  ter lido cerca de 100 páginas do Chatô. Eu acho que podia ter me esforçado mais. Até porque, prometi para o "santo dos vestibulares" que eu valorizaria minha vaga na UFPR.

segunda-feira, 15 de julho de 2013

Desculpa

SEU LINDO

Olha, eu estou escrevendo esse texto apenas para pedir as mais sinceras desculpas. Explico.
11 de julho. Dia Nacional de Lutas. Dia de greve geral. Entre as pautas, os velhos itens: Transporte, saúde e educação. Tudo lindo, tudo válido. Mas esse não é o tema dessa postagem.
Você só dá valor á certas coisas quando as perde, ainda que por um dia. Embora soe dramático, é isso. Esse é o ponto. Aquela fatídica quinta-feira, antes de qualquer coisa, foi um dia sem RU. E de antemão eu te digo que é aqui que começa o meu clamor por misericórdia. Então, lá vai: Desculpa se eu pareço mesquinha e egoísta. Desculpa se eu estou me preocupando com situações simplórias e terrenas diante do progresso e da revolução iminente. Desculpa se eu estou num dia meio “Classe média sofre”. Desculpa leitor (considerando que tenha alguém lendo. Não sei).
Mas é isso, as portas trancadas do RU foram a grande notícia daquele dia 11. O fato é que o baque foi geral. A meu ver, deveria ter sido decretado estado de calamidade pública. E não adianta argumentar que a Floresta está localizada num bairro que é, basicamente, uma praça de alimentação gigante porque não cola. Afinal, enquanto o golpe comunista de 2014 não acontece, ainda vivemos na vil sociedade capitalista que cobra nove reais em um cachorro-quente ou dez em um pastel (ainda que este seja – parafraseando Clarice Falcão – uma caixa de pandora de queijos e delícias). E, surpreendentemente, não adianta mostrar a carteirinha de estudante na Requinte: Universitário não paga meia, muito menos R$1,30.

O ponto em que eu quero chegar é: Desculpa RU. Desculpa se eu enchi a boca (literal e metaforicamente) para falar mal do feijão ou do vinagrete. Desculpa se eu reclamei porque tinha frango a semana inteira (mas a gente podia debater isso um dia desses, né?). Desculpa se eu julguei o seu arroz de forno. Desculpa qualquer coisa. Desculpa. Se te serve de consolo, olhinhos brilham e sorrisos se abrem sempre que tem purê de batata no almoço ou gelatina na sobremesa, viu? Eu só quero que você saiba que é tão importante que virou referência monetária (“Quanto custa esse salgado?” “Sei lá. Talvez uns dois ou três RUs”). E que, apesar de te odiar, a gente também te ama. 

quinta-feira, 11 de julho de 2013

Registros da Floresta

Resolvi postar algumas fotos que eu fiz na Floresta durante esse semestre.  

Essa é a Floresta do jeito que eu vejo. 













quarta-feira, 10 de julho de 2013

Espaço de tempo

Ao entrar num curso de Comunicação, você pensa que vai ficar imune de leis da física e da química, que vai se livrar delas definitivamente, a não ser que num remoto futuro você tenha que escrever uma reportagem aleatória sobre um tema relacionado a elas. A questão é: você fica tão imune que algumas delas simplesmente deixam de ser verdadeiras.
Digo isso pensando numa lei específica e bem básica. Sou dos muitos que sentem — e sofrem — na pele seus efeitos: “Dois corpos sólidos não ocupam o mesmo lugar no espaço ao mesmo tempo”. Não concordo com ela. Quem criou essa lei não pegava ônibus nos horários de rush.
Se o tivesse feito, teria comprovado na prática que dentro dos veículos cabem perfeitamente dois (às vezes, três) corpos sólidos no mesmo espaço, ao mesmo tempo. Sempre se dá um jeito, principalmente quando o ônibus está atrasado e chega, já lotado, às estações-tubo, igualmente cheias. Einstein talvez ficaria surpreso ao presenciar o ônibus acelerando, segundos depois, com as duas massas humanas somadas, sem a ocorrência de aumento do volume interno do ônibus
Na realidade, qualquer lei da física ou da química passa longe, muito longe, da verdadeira lei que rege o destino dos usuários dos articulados e biarticulados (nos horários de rush, que fique claro). Essas leis são, basicamente, as seguintes:

1 - Saiba se posicionar no tubo/ponto.
Posicionar-se estrategicamente em uma estação-tubo significa ficar na boca da passarela - ou, caso a porta esteja fechada, colado nela -, deixando espaço apenas para que a pontinha da plataforma do ônibus ofereça passagem. De preferência, não ficar no meio da plataforma: deve-se ficar num de seus lados, para grudar-se à lateral da porta no momento em que ela abre e dar liberdade aos mortais que não veem a hora de sair dali. Erros de cálculo são perigosos: às vezes surgem passageiros novatos que ficam bem no meio da porta e, um segundo após sua abertura, estão do outro lado do tubo.

2 - Abrevie seu vocabulário
Expressões como “com licença”, “preciso descer”, “por favor” e outras do tipo não têm significado dentro dos ônibus. A pergunta chave é: “Vai descer aqui?”. Se a resposta for sim, sorria e siga pelo caminho traçado por seu antecessor em meio à multidão. 
Mas o mais provável é que a resposta seja não. Aí, não diga nada e nem expresse no rosto sua decepção. Apenas enfie o cotovelo nas costas de quem estiver barrando a passagem e vá em frente. Se quiser usar a mochila ou um guarda-chuva - sempre presente no dia-a-dia do curitibano - no lugar do cotovelo, também vale. Ambos são bons argumentos.
Não tenha medo de revides, todos aceitarão sua atitude porque ela está prevista na Lei do Ônibus, e ninguém se atreverá a contestá-la. 

3 - Não conte com o óbvio.
Se o trem estiver chegando à estação onde você pretende desembarcar, verifique sua distância com relação à porta. Se for maior que meio metro, nunca diga ou pense: “Vou descer aqui”. Diga apenas a seus botões: “se Deus quiser...”, pois sempre há a possibilidade de você tentar descer e acabar indo parar no meio do povo. Ao invés de reclamar, veja pelo lado positivo: pelo menos você não tropeçou em alguém sentado!

4 - Tenha gratidão.
Ao desembarcar, são e salvo, não se esqueça de agradecer a Deus e pedir-lhe forças para a volta. Ao chegar, atrasado, na faculdade, pense como uma das piores etapas do seu dia foi vencida! 
E, se algum professor te olhar feio quando você entrar na aula que já começou, apenas pense em como ele deve ser feliz por ter um carro. 

* Esse texto é dedicado ao meu tio, Tarcisio Saraiva, que possuía uma coluna semanal em “O Diário de Osasco” nos tempos de Collor e assinava como Tárcio Rios. Em 16 de fevereiro de 1991, publicou um artigo com o mesmo nome deste e com um conteúdo muito semelhante, embora fosse sobre os trens de Osasco. Em 22 anos, a situação do transporte público com certeza evoluiu muito, mas infelizmente não a ponto de a Lei do Ônibus deixar de ser verdadeira.

terça-feira, 9 de julho de 2013

Esquenta

aling_ - CC
Estava anoitecendo quando André chegou à floresta. Em uma parte na qual o matagal estava menos denso, seus amigos se concentravam em volta de uma fogueira. Alguns bebiam, outros apenas rasgavam um livro de capa vermelha com uma fotografia de um sujeito de cartola. Todos pareciam muito felizes, tacando pedaços do exemplar no fogo.
André pegou o seu livro e uma rosa, tomou dois goles de vodca e aproximou-se da fogueira. Ele sabia o que fazer, ele esperou um semestre para isso.

segunda-feira, 8 de julho de 2013

Baseado em fatos reais (infelizmente)

Não, essa não será mais uma crônica sobre moedinhas e a vida (econômica) sofrida do estudante universitário. E não, nada mudou em relação a isso – inclusive o dinheiro tem escoado cada vez mais rápido (XEROX, Valeu.).
Hoje eu quero falar sobre uma das peças-chave da vida universitária, um elemento que constitui quase um universo à parte em nossa existência: o nosso “amado” transporte público. Eu, particularmente, tenho uma relação de amor e ódio com os ônibus de Curitiba. Mais ódio do que amor, diga-se de passagem – o trocadilho não foi intencional, aliás. Inclusive, ultimamente um calafrio percorre minha espinha ao mero vislumbre daquele “simpático” ônibus laranja. Meu nemesis que leva o nome de Cabral/Portão.
Juro que, por mim, eu andaria de ônibus tranquilamente, sem problema algum. A questão é que o primeiro ataque veio do outro lado. Eu a princípio até relevava algumas coisas, como o estranho fato de sempre perder a viagem por estar do outro lado da rua – quase – toda vez que o ônibus parava no ponto. Achava que era erro meu, eu que não via o horário e dava o azar de cair sempre nos braços desse desencontro cotidiano. Ok. Tudo bem. Comecei a me programar e olhar os horários. Mas, para minha ingrata surpresa, sempre acontecia do ônibus do horário que eu pretendia pegar, adiantar, e o do horário em seguida, atrasar.
Mas, novamente, tudo bem. Isso acontece.
Até que um belo dia as coisas tomaram proporções ridículas. Voltando da Floresta, na hora do almoço, esperando ávidamente pra chegar em casa e não me deparar com bandejões entupidos de feijão, arroz e vinagrete, resolvo aproveitar os 45 minutos de trajeto da melhor forma o possível: cochilando. As coisas iam bem. Bem até demais.
Acordo com as pessoas descendo do ônibus (que a essa altura já estava quase vazio), ingenuamente achei que já tinha chego no terminal do Portão. Mas não, ainda estávamos no Jardim Botânico. O motorista, com um sorriso amarelo, anunciava que o próximo Cabral/Portão chegaria em 5 minutos. Cinco minutos que se transformaram em 15. Por fim chega o outro ônibus e rapidamente acolhe os desamparados passageiros, que esperavam impacientes a sua condução salvadora.
Agora eu chegava em casa, eu acreditava nisso. Tinha certeza. Mas essa certeza durou apenas um ponto, pois – contra todas as probabilidades – novamente o ônibus quebrou. Desce todo mundo. Espera mais um pouco. Chega outro Cabral/Portão. Sobe todo mundo. O ônibus segue sofrido graças a perversa lotação 3 em 1. Uma hora e meia depois de ter saído do campus, chego em casa.
Eu esperava que isso nunca mais fosse acontecer, não tão cedo. Mas no dia seguinte, na hora do rush, mais uma vez o traiçoeiro Cabral/Portão mostra suas garras e, quase como de birra, bate em um carro estacionado.
“Vai ter que chamar o seguro. É, vai demorar. Desce todo mundo, logo vem outro”
Essas palavras impressas na minha mente me fizeram jurar nunca mais pegar esse ônibus recheado de Karma novamente (eventualmente eu me rendi, como previsto). E, mais do que isso, me fizeram ponderar se isso era castigo divino por ter passado uma tarde inteira jogando pebolim ao invés de ter ficado estudando, como eu deveria.
O Klauss trabalha de maneiras misteriosas.


sexta-feira, 5 de julho de 2013

Jornalismo? Sério?

-E ai? Para qual curso você vai tentar o vestibular?
-Jornalismo! :D
-Sério? Você tem certeza disso? Já te contaram que não precisa mais de diploma?
-Mas...
-E o salário? Nossa, você vai morrer de fome!
-Acho que... 
-Eu acho melhor você repensar a sua escolha. Eu li na Veja que as profissões em expansão são engenharia, medicina, direito... Aliás, por que você não faz direito?
-Porque eu não gosto e...
-Você pode fazer concurso público! Imagine: Salário estável, férias, licenças, plano de saúde...

Quem nunca teve esta conversa que atire a primeira pedra. 

Eu já tive o diálogo acima com meus pais, com vizinhos, com a família de amigos, com professores e, até, com pessoas aleatórias na balada. Mas nenhum deles me fez desistir.
Neste primeiro semestre, percebi os empecilhos da desvalorização do jornalismo  mas que, ao mesmo tempo, a paixão de quem exerce a profissão os supera. Seja no impresso, na tv ou no rádio, vejo um amor incondicional para com a transmissão de notícias, mesmo com tantos problemas salariais, por exemplo. 
E é isso que eu espero para minha vida: paixão. Não apenas uma conta bancária recheada ou uma casa na praia. Quero ter uma profissão que garanta inspiração  diária para acordar de manhã. Ou de madrugada, para cobrir uma notícia. 
Sim, é um exagero romântico. Mas se eu não acreditasse nisso, os  argumentos citados seriam um obstáculo.

segunda-feira, 1 de julho de 2013

As coisas que eu nunca disse

                                    Essa é a última vez que eu faço mimimi em um post. Eu juro.

Eu queria Jornalismo. Meu amigo queria Odonto.
Numa manhã dessas em que deveríamos estar na aula, ficamos sentados na grama, olhando para o nada e discutindo como seriam nossos futuros colegas – quando, eventualmente, passássemos em algum vestibular. Não demorou para chegarmos a um consenso sobre os estereótipos para o curso dele, mas tivemos uma longa discussão sobre as projeções das pessoas com quem eu dividiria boa parte do meu dia – quando, eventualmente, passasse no vestibular. “Pessoal cult, meio hipster, alternando os temas das conversas entre Comunismo, poesia lírica e filmes do Godard”, ele disse. “Não é possível que eu vá ser a única que curta música pop de qualidade duvidosa, assista séries adolescentes bobas e recite citações de Meninas Malvadas por aí”, respondi. Mas era possível. Completamente possível. Terrivelmente possível. Ele sabia. Eu também.
Eventualmente, passei no vestibular. Em meio a todos aqueles abraços, telefonemas e emoções controversas, tinha uma coisinha que se sobressaía a todas: O medo. Medo de uma porção de coisas. Entre todos os temores, um que eu nunca verbalizei por soar bobo demais: O de não me encaixar. Não seria a primeira vez e provavelmente não seria a última, mas seria tão frustrante quanto ser obrigada a começar um fichamento em plena final da Copa das Confederações ou não ter uma cantina para tomar café quente ás oito da manhã de um dia frio. Seria horrível.
O tempo passou e eu sofri calada. Por via das dúvidas, tentei ler Clarice Lispector (se eu soubesse o que me esperava, juro que teria tentado com Hobsbawm). Só para evitar os julgamentos, dei Curtir (desfazer) em uma boyband ou duas. Ou talvez dez.
Já faz (quase) um semestre. (Quase) Uma vida. Agora, quando aquele amigo pergunta se estou gostando do curso, eu gostaria de poder contar que eu finalmente tenho com quem discutir séries adolescentes bobas, cantarolar músicas pop de qualidade duvidosa e declarar amor incondicional por Meninas Malvadas. Eu gostaria de poder contar que, talvez, eu não seja tão esquisita como pensava – ou talvez sejamos todos. Ao invés disso, me limito a responder que estou amando tudo. Todos. Menos Hannah Arendt.