sexta-feira, 31 de maio de 2013

Em crise na Terra do Nunca

Esse post é um oferecimento de: Crise Existencial

Numa época longínqua em que ainda éramos muito novos para sermos bombardeados com perguntas como “E os namoradinhos?” nos almoços de família, aquela tia de Piracicaba sempre emplacava outra questão: ”O que você quer ser quando crescer?”.  As respostas infantis eram muito coerentes e lógicas: bailarina, embora não tivesse a mínima coordenação motora; Atriz, mesmo sem o menor talento para derramar lágrimas de crocodilo; Jogador de futebol, com duas pernas esquerdas; Astronauta, lutando contra o medo de altura.
Em algum momento (segundo levantamentos feitos durante a aula de Teoria do Jornalismo, geralmente aos doze anos), as decisões foram tomando forma. A criatividade virou inclinação para Publicidade, o desejo de escrever e contar histórias te empurrou para o Jornalismo e [INSIRA UMA PIADINHA SOBRE FAZER CAFÉ NESTE ESPAÇO] trouxe RP para a sua vida. Então, numa bela tarde de janeiro, vimos nossos nomes na lista de aprovados no vestibular e pensamos que nosso futuro estava totalmente decidido, como se magicamente todas as peças do quebra-cabeça tivessem se encaixado e uma trajetória de sucesso óbvia estivesse definida.
Adivinha. Não é bem assim.
Menos de dois meses depois de as aulas começarem, já é possível perceber que escolher um caminho para seguir é mais difícil do que parece. Ao contrário daquela prova de física do Ensino Médio, não é possível chutar “D” de Deus ou fazer uni-duni-tê. A cada dia que passa fica mais evidente que Comunicação é uma área vasta o suficiente para te fazer se sentir perdido dentro do que parecia tão certo. Nesse labirinto de opções, novas perguntas se formam ao fim de cada palestra (quando permanecemos acordados): Diretor de arte ou Redator? Repórter ou Fotógrafo? Será que eu fico aqui mais uns aninhos e faço mais uma habilitação? Ou mais duas? Ou presto Cinema na FAP? Mas eu queria mesmo ser VJ da MTV! Ah, que se dane. Vou apelar para voz e violão no barzinho mais próximo.
 Acho que o grande problema é que quando respondíamos “O que você quer ser quando crescer?” com tanta certeza e convicção, achávamos que éramos meio Peter Pan. E agora, surpreendentemente, descobrimos que somos Wendy e que vamos crescer sim. O pior: Já crescemos. Pelo menos no documento de identidade.
Enquanto o meio de campo está embolado, a megera da tia de Piracicaba continua fazendo perguntas na ceia de Natal: “E a faculdade? E o emprego?”. No meio da confusão, nos limitamos a dar a resposta mais manjada e evasiva de todas: “Ah tia, estou com uns projetos aí”. Talvez porque crescemos rápido demais. Ou talvez porque não crescemos o suficiente. Ainda.

terça-feira, 28 de maio de 2013

Arranque as etiquetas, elas não fazem falta...

   E que atire a primeira pedra (ou um Chatô) quem nunca julgou pelas aparências. O velho ditado, estilo vovó diz: "Não julgue o livro pela capa", mas a primeira impressão que concebemos é fundamental para nossas atitudes, tanto na escolha de qual obra vamos levar pra casa, quanto na decisão de com quais pessoas vamos nos relacionar.

   Em todos os meus anos escolares, confesso que ia desde o primeiro dia esperando reencontrar os amigos e conhecer apenas uma ou outra pessoa. Já na universidade, o processo é bem diferente. Pra começar, os laços já se estabelecem desde o Facebook, no grupo e nos comentários feitos nele. Até que finalmente chegou A SEMANA DO CALOURO e a nossa recepção na Floresta, e o meu pensamento de 08/04 até agora tem sido o mesmo: "Não se precipite, dê oportunidade para eles mudarem o conceito que você criou".

    Foi inevitável não perceber os detalhes, não traçar a personalidade dos coleguinhas sem nem ter conversado com eles, e ainda tem sido assim com alguns. Há pessoas ali que nunca me deram oi, mas eu já imagino até qual seja a sua preferência musical. O interessante é que após entrar na faculdade, mantive a cabeça aberta pra encontrar gente de idades diferentes, gostos nem um pouco parecidos com os meus e mesmo assim, conseguir ter uma afinidade incrível.

    Há quem diga que o pessoal de Comunicação Social segue um estereótipo “bebem até cair e são altamente sociáveis”. E eu realmente achei que ia me sentir excluída por não corresponder ao padrão, até que descobri que na Floresta há vários tipos de pessoas: os mais tímidos, os desinibidos, é claro, e também há os que assim como eu, optam por refri ao invés da cerveja. Então, basta se livrar dos tradicionais pré-conceitos, para enxergar que algum dia você falará com aquele piá metido ou com aquela guria chatinha no Cacos e que eles talvez, não sejam tão ruins assim!

Tacos

Em minha alma circula e sopra
Toda cidade, uma manopla
Entre uma e outra toda sorte

Enquanto ela passa
Tudo ocorre
É vago, discorre

E na carpintaria
Ele se esconde
Rastejando por baixo
É um novo bonde

segunda-feira, 27 de maio de 2013

Quem sou eu?

     Você já se viu diante dessa pergunta? Aposto que sim. Aposto que muitas vezes. E aposto que na maioria delas estava associada à outra: O que estou fazendo aqui?

     Eu sempre tive muita certeza do que eu queria fazer na vida. Sabia que era Publicidade, mas não sabia muito bem porquê. Parecia que eu me conhecia bem e me encaixava no perfil.
     Mas ao me deparar com as pessoas do curso - digo de Comunicação, de modo geral -, e seus assuntos, me senti tão perdida! Afinal, nunca fui uma apaixonaada por livros, por escrever, ler/ter blogs, assistir séries e filmes. Sempre fui meio normal, tendendo a preguiçosa. Ao mesmo tempo em que eu gostaria de ser mais entusiasmada. Afinal eu deveria, não deveria? Eu curso Comunicação Social, deveria gostar mais de meios de comunicação que não fossem apenas diálogos diretos. Eu gostaria de ser assim. Mas não sou. Uma parte de mim até é, as vezes ela até grita. Mas afinal, quem sou eu? No meio de pessoas que assistem, leem, escrevem, desenham, fotografam, pintam, criam... O que estou fazendo aqui?
     Sinceramente, o que mais me incomoda é que essas perguntas não me incomodam.
     Na verdade, acho que é esse o significado de estar na Universidade: procurar se conhecer, se encontrar, se estabelecer.
     Afinal cada um de nós é único, cada um de nós é muitos.

quinta-feira, 23 de maio de 2013

O que é talento?

Eu sempre me achei uma pessoa talentosa. Bom, pelo menos era o que as pessoas falavam pra mim. E eu acreditava. Quando comecei a fotografar, ninguém deu muita bola. Na verdade, não sei quando isso aconteceu - eu devia ter, sei lá, uns 12 ou 13 anos -, nem o que despertou o meu interesse.  Mas, aos poucos, fui me envolvendo, e aos 15 pedi a minha primeira câmera reflex de presente.
A partir daí, comecei a estudar fotografia mais a fundo, e resolvi fazer um projeto em que eu postava no Flickr um autorretrato por semana durante um ano. Decidi que seria fotógrafa durante esse projeto. Não me imaginava fazendo outra coisa. Eu enxergava – e ainda enxergo – fotografia em tudo.
O que mais surpreendia os entendidos do assunto é o fato de eu nunca ter feito um curso. Falavam que eu tinha talento. E eu acreditava.
Depois que entrei na faculdade não foi diferente. Mas foi em um Ponto Pasta que toda essa minha visão de talento foi confrontada.
O palestrante era um diretor de arte. Não tinha graduação, e possuía uma carreira de dar inveja. Mas, em determinado ponto do seu discurso, disse algo que me deixou inconformada: “Não existe talento.”. Eu não conseguia entender. O cara era o próprio talento personificado! E ele continuou: “Chopin chegou aonde chegou porque estudava piano desde os 3 anos. Tinha um pai músico, que o incentivava.”. Então talento é isso? É só começar uma atividade qualquer cedo que você vai desenvolver uma capacidade acima da média e se destacar dos demais? Não podia ser. Tinha algo mais.
Foi aí que eu me dei conta. Todo artista nato tem uma alma grande. Ele precisa vomitar os seus sentimentos de alguma forma. Chopin fazia isso com o piano. Não adianta o sujeito ter uma técnica impecável; se ele não for criativo – ou tiver uma alma grande, dá no mesmo -, não vai conseguir criar algo excepcional. Era isso!
Todo artista precisa de um empurrãozinho. Se for dado logo cedo, e se ele estudar e aperfeiçoar  sua técnica, com certeza vai conseguir produzir um trabalho de qualidade.

O que é talento? É estar frustrado com qualquer coisa, olhar pro piano, pra câmera, pro papel e descarregar tudo. É aquela sensação de que o seu meio de mostrar ao mundo como só você vê é a única coisa que você sabe fazer direito. É nunca se achar bom o bastante e viver frustrado com isso. É ter uma alma grande.

quarta-feira, 22 de maio de 2013

É só o que eu quero.

Assim como numa verdadeira redação de jornal, aconteceram nos meus planos uma mudança de pauta completa com imprevistos que apareceram durante o dia: meu post já estava pronto, mas a turma de Jornalismo, nesta manhã, visitou a Gazeta do Povo. E eu simplesmente precisava cobrir isso.


























Às 9h nos encontramos no Sindicato dos Jornalistas, na praça Carlos Gomes, onde pudemos ver dezenas de fotos jornalísticas impressionantes e ler várias jornais diferentes disponíveis.

Atravessando a praça, chegamos à Gazeta, onde ganhamos nossos crachás de visitantes e nossos brindes, que incluíram uma ecobag, o jornal de hoje, uma caneta e um caderninho de notas - impossível ser mais clichê, impossível ser mais útil.

Fomos recebidos por Sandra Gonçalves, diretora de redação da Gazeta, que contou como é o dia-a-dia no jornal, com as reuniões de pauta, as coberturas, as diagramações e os fechamentos e explicou vários conceitos do Jornalismo.

Depois, conhecemos a redação propriamente dita. Estava praticamente vazia, imagino que pelo horário e pelo fato de que os repórteres de fato não ficam na redação, mas vão pra rua.

"Coritiba, 3 de fevereiro de 1919"
Conhecemos a parte da fotografia e a redação do caderno esportivo, na qual conversamos com repórteres que já foram para o Japão, Alemanha, Grécia e Inglaterra cobrir eventos esportivos. Desde 1994 que o Jornal não perde uma Copa.
Na parede, a primeira edição da Gazeta do Povo enquadrada, datada de 3 de fevereiro de 1919.


Enfim, a parte final: a idolatrada rotativa. A tal máquina que faz ficar palpável todo o trabalho do dia. São rolos e mais rolos gigantescos de papel em branco, esperando para passar por cada chapa da rotativa - a vermelha, a verde, a azul e a preta - e virar jornal, ser cortado e dobrado, vendido e lido. O barulho é tão alto como o fascínio é grande.
3 mil jornais por minuto. 42 mil jornais todos os dias. 90 mil nos domingos. É mágico.



Foi uma manhã linda e maravilhosa. Agradeço imensamente ao nosso professor de Teoria do Jornalismo, Mario Messagi, por nos ter proporcionado essa visita. Porque hoje foi um daqueles dias em que saí pensando "pois é, escolhi certo. É isso o que eu quero pra minha vida".

Quilos e mais quilos de papel que ficam prontos em minutos
Pesquisa de satisfação do leitor anual da Gazeta
Presentinhos!



segunda-feira, 20 de maio de 2013

O que Chatô espera de ti

Logo na segunda semana de aula, os calouros de Comunicação Social são incumbidos a ler Chatô, biografia romantizada de Assis Chateaubriand escrita por Fernando Morais. Isso não é visto como um problema. Afinal, é estabelecido o prazo de um semestre inteiro para lê-lo. 

No entanto, a expressão de desdém de alguns veteranos ao saberem que os calouros acreditavam nisso já adiantaria o futuro. 

Isso porque essa não é a única leitura, há os xerox. E esses consomem quase todo o tempo e dinheiro dos universitários - quem precisa juntar moedinhas para comer no R.U. quando se tem tanta coisa pra ler? Desconfio que a alma dos estudantes tenha sido vendida pelos professores à Cici, a mulher do xerox. Imagino, antes das aulas começarem, um anúncio do tipo “um pacote com 90 calouros por apenas R$100,00”. 

Mas nada consome mais o tempo que deveria ser destinado ao Chatô do que o pebolim. Não me entenda mal, mas praticar esse "esporte" na floresta é uma obrigação moral. Quão vergonhoso seria não treinar e continuar sendo ruim a ponto de perder para os próximos calouros? Quando eu sento no sofá, que fica em frente à mesa de pebolim, para ler a biografia de Chateaubriand, o Klaus exerce algum tipo influência telepática, dizendo algo como “só vem”. Ao olhar para um colega, inevitavelmente ele reproduzirá com as mãos os movimentos do jogo. Isso seguido por uma troca de olhares indicando que sim, chegou a hora de deixar Chatô de lado para jogar uma partida. 

A gente esquece, mas ele continua lá. Sabemos que num canto obscuro do nosso quarto o livro está nos esperando, com a imagem de Chateaubriand estampada. O falecido comunicador está sorrindo, debochando de todos nós, pois ele também sabe que, no final, todos sucumbirão ao resumo. A questão é em quanto tempo cada um assumirá essa derrota.

domingo, 19 de maio de 2013

Hobs já dizia...

"As palavras são testemunhas que muitas vezes falam mais alto que os documentos.", disse Hobsbawm. E é nisso que eu acredito, na colocação das palavras em que as pessoas utilizam, correlacionando à verdade em seus olhos. Acreditar ou não fica à seu critério.
Não confie na escrita, não aceite decisões digitadas, talvez rasuradas, das que deixam detalhes dos borrões sobre sentimentos, e talvez algumas letras ilegíveis pelas lágrimas caídas sobre o papel, mas prefira ficar cara a cara para resolver, para conversar, para combinar ou para simplesmente se apaixonar. Não acredite em palavras pensadas, prefira erros de gramática verdadeiros, do que um português bem escrito digitado no google.

Quando me falaram que na Floresta todo mundo sabe sobre tudo e sobre todos, eu não acreditava, e ainda não acredito. Se você não falar à ninguém, todo mundo desconhece, simplesmente. Finja que nada aconteceu, negue até a morte.
Conselho de um veterano: escolha pessoas pra confiar, conte um segredo falso (que tenha como ser provado a mentira), consiga que elas confiem em você, e apenas viva, deixa ser, aguarde os resultados. Pra mim, alguns foram ótimos, estão guardados, como os delas estão em mim, mas para outras amizades, um pingo de confiança indo embora, é o que derrama todo o balde para que talvez não volte nunca mais.
Outra coisa que sempre insistiram: "sabe aquela pessoa que você se deu bem desde o início? ela não será sua melhor amiga daqui 6 meses". Não acreditava. Acredito.

Agora esquece todas essas regras, e seja você, opte por ser sincero, sem regras, acertando sem ter um reconhecimento, e errando, com milhares de julgamentos e olhares sobre sua conduta, mas não se importe muito, não deixe que te minimizem, porque quem gosta do seu jeito fica. Se arrependa de 10, mas orgulhe-se de 11. Lembre-se de que tudo isso é experiência, e é assim que aprendemos, praticando. É impossível viver só, sorrindo. Peça desculpas, perdoe, abrace, beije, brigue, bata, grite, sofra, ame, VIVA!

'Hobs' já dizia: "A "espontaneidade" permite às fileiras serem levadas passivamente para a direita (ou manterem a lealdade a uma esquerda tradicional". Tente outra vez.

sábado, 18 de maio de 2013

O poder dos quietos


    Desde os tempos em que era uma dentucinha, portadora de uma barriguinha saliente – reside aqui o cúmulo do eufemismo - pessoinha perambulante e serelepe, que apesar dessa última descrição, vivia passando em branco e sendo uma solitária andarilha das sombras dos outros no fundamental, desde tais época remotas, comumente, tinha espasmos de pânico quando aquela maldita e infeliz hora chegava. ERA SEMPRE ASSIM, E É SEMPRE ASSIM HÁ 18 VERÕES. Em todo começo de ano, o meu momento mais odiado de todos se tornava, de fato, um pesadelo real - a tal da apresentação do primeiro dia de aula.
Estou convicta que se orcs me levassem para Mordor seria mais agradável do que viver aquelas experiências com todos olhando para você enquanto fala o seu nome, idade, entre outras banalidades. Para qualquer pessoa normal, e para você mesmo leitor, devo estar parecendo um tanto quanto louca ou no mínimo exagerada, mas não é bem assim. Esse era o meu pior momento – juntamente com todos aqueles que envolvia alguma forma de oratória – pois sempre fui uma pessoa muito tímida e reservada. Como se não bastasse ter essas características entranhadas na minha personalidade, desenvolvi enquanto criança um distúrbio da fala, ou a popular e piadística gagueira. Quem nunca escutou aquela piada de gago em que seu tio fica repetindo sílabas enquanto arranca risos dos outros? Acredite, risadas são divertidas quando são PARA O SEU TIO, mas a partir do momento em que você é uma criança e se depara diante de uma sala da sexta série olhando para você, enquanto tenta soltar algum ruído com a boca em meio a faces bisonhas que o seu rosto esboça, NÃO, gargalhadas não são legais. Acho meio forte dizer que com 11 anos de idade eu me achava um lixo humano, mas é verdade. Não tinha amigos, mas sim coleguinhas que me acompanhavam pelo corredor imitando o meu jeito de falar, ou comentando com os outros o quanto eu era estranha. Estranho é pensar que os professores viam, mas nada faziam.
    A verdade é que essas questões têm pouca visibilidade na sociedade, porém,  felizmente, as coisas estão mudando aos poucos. Contudo, se tem algo que, REALMENTE, é pouco discutido é a gagueira. Acham que gago é assim porque está nervoso, mas eu te afirmo, NÃO É. É um bloqueio mecânico mesmo, você simplesmente não controla. Sem falar que nem todos são como a gaguinha de Ilhéus, há estágios e há também maneiras de disfarçar. E era isso que eu fazia a partir do 13 anos de idade, quando comecei a frequentar uma psicóloga e uma fonodiouloga. É engraçado tentar explicar, mas durante esses anos criei mecanismos para não me sentir uma aberração, dificilmente você me verá empacada em sílabas com movimentos repetitivos iguais você viu em Tempos Modernos naquela aula de artes da oitava série, no máximo, ficará esperando eu terminar uma frase, são pausas, estou tentando falar, e é assim que hoje em dia consigo ter um amplo controle sobre a minha gagueira, porém, às vezes, há recaídas ou pausas maiores, mas NÃO, EU NÃO ESQUECI O MEU NOME. NÃO, EU NÃO ESQUECI O CURSO QUE FAÇO, repito, apenas estou tentando falar.

     
    Recentemente, estava em um restaurante com alguns amigos, e um deles estava folheando um livro vermelho que em letras garrafais intitulava-se: O poder dos quietos. Algum tempo depois me vi nas Livrarias Curitiba louca por esse livro, fiquei triste por tê-lo encontrado na sessão de autoajuda – quem me conhece sabe sobre o MEU AMOOOOOR POR LIVRO DE AUTOAJUDA – mas enfim, comprei mesmo assim e não me arrependi. Acredito que essa leitura me fez ver que não há nada de errado em ser assim, às vezes, a gente cobra demais de si mesmo e esquece das nossas peculiaridades, as quais foram desenvolvidas justamente por coisas que, muitas vezes, consideramos defeitos, mas que acrescentam coisas boas em nossas vidas.
Se posso ser um pouquinho de Poliana aqui, acho que todos esses problemas que carrego me fez ser uma pessoa mais paciente, julgar menos os outros e uma ótima ouvinte – por motivos óbvios. Não quero bancar uma de Cury, porém, o objetivo de todos esses caracteres escritos nesse espaço, é encorajar quem possui problemas por ser tímido ou coisas do gênero – os quais escutei pelos cantos desde que cheguei ao campus - pois eu mesma demorei para entender que já passou da hora de sair da comunidade de gagos do facebook e dar a cara ao mundo. E por que não em um curso de COMUNICAÇÃO social? Às vezes acho um tanto irônico ter escolhido o que curso que escolhi, justo eu, pessoa com tantos problemas relacionados à comunicação, mas penso um pouco mais e vejo que não tem jeito, há quase quatro anos que não consigo imaginar outra profissão para a minha vida, sou simplesmente encantada por toda essa área e é isso que quero fazer, independente de qualquer coisa.
    Logicamente, não é fácil me expor dessa forma, berrar ao quatros cantos da Floresta um problema que me corrói tanto, e por muitos anos tentei esconder, mas agora vejo essa possibilidade como uma forma de – como havia comentando antes – dar uma maior visibilidade a esse assunto que é pouco debatido, o qual as pessoas apenas costumam a rir das inúmeras piadas e nunca pensam como alguém que sofre disso se sente, e tenha certeza, pode ter um gago, um introvertido, ou um tímido muito perto de você, sofrendo, corroendo-se todos os dias, achando que é um completo fracassado, foi como me senti por muitos anos. 
Felizmente, hoje sigo lutando à espera dos próximos 18 verões, quando finalmente poderei afirmar que o curso de comunicação e a própria vida, também é dos introvertidos, tímidos, gagos, estranhos e enfim, humanos comuns com problemas normais. 
 
ps* Sim, as fotos são autorretratos. 

sexta-feira, 17 de maio de 2013

Ensaio sobre uma bateria

     Alegria. Sintonia. Festa. Paixão. Samba. Mais festa. Mais alegria. São alguns sentimentos e vivências dos últimos – quase – 2 meses. O que há pouco tempo parecia tão distante, agora se desenrola na maior história de sua vida.
   Você fez cursinho...estudou como nunca na vida – ou não –, sentiu arrepios em janeiro, e também em abril, mais precisamente no dia 8. Você aprendeu que – e dessa vez não com Shakespeare – a semana do calouro é uma das melhores da sua vida. Aprendeu também que a cantina nem sempre está aberta, ao contrário do Cacos. Sabe então que se nada der certo, vai ser jogador de pebolim, e que se não gosta de vinho barato, passará a amar.
    Agora, entre uma dose periódica de Hanna Arendt e Mulheres Ricas, você toma uma bera. Uma mensalidade em bera. Quão sonhado foi isso?
    Hoje você, uma sexta ou outra, depois de uma partida de pebolim ou um pastel, toma essa bera, sente a sintonia e pode gritar pro mundo que passou na Federal do Paraná: diferente, inteligente. O chão vai tremer. E seu coração também. À primeira vista, é até meio assustador. Mas é um susto tão bom. Bom mesmo é ser feliz na Federal.

quinta-feira, 16 de maio de 2013

Um por todos e todos por um!

Eu aproveitei as férias de verão suuuuuper prolongadas para ler um clássico da literatura mundial : "os três mosqueteiros". No romance, Alexander Dumas relata a aventura de jovens franceses que dão um exemplo de cooperação, união e amizade.




Sabe quando a ficção invade a realidade?

Eu sempre defendi a opção de cursar a federal com ênfase no argumento de que as pessoas aqui seriam "melhores". Eu não sabia exatamente o quanto isso era relevante, mas eu tinha certeza de que era um diferencial em relação às outras faculdades. Após conquistar minha vaguinha, eu entendi porque vale tanto a pena o esforço. Mesmo com problemas estruturais, encontramos refúgio nas pessoas que fazem da nossa linda Floresta uma segunda casa.

Lá dentro, todos se ajudam. Todos mesmo! Desde o primeiro calouro até o último veterano há uma relação de cooperação mútua. Mesmo sendo um "calouro burro", caso você tenha dúvidas sobre o mercado, o Chatô, a localização do xerox ou, até mesmo, sobre pebolim, alguém vai te esclarecer tudo. Se um professor não aparece, um veterano que sabe do assunto dará aula sem receber nada em troca.

Entre os calouros esta relação é mais forte ainda. É incrível ver como ninguém sabe de nada, mas acabamos descobrindo tudo juntos. Funciona assim: um tira uma dúvida aqui, outro conversa com um veterano lá e, no final, tudo se compartilha no grupo do facebook. Ah, sem contar os resumos antes das provas, os scanners dos textos que salvam os esquecidinhos, o cardápio do r.u., os horários do intercampi e, claro, a divulgação das festas. Resumindo, somos um monte de gente perdida em torno de um mesmo objetivo: fazer destes quatro anos, ou mais, os melhores da nossa vida. Um por todos e todos por um!

terça-feira, 14 de maio de 2013

Revoluções

Coincidentemente, o assunto do blog de hoje é algo que está fresco na memória dos calouros (ou não)! E também é idêntico ao da prova de hoje também... Inspirações surgiram no momento em que me vi obrigada a ler todos os textos de uma só vez, por ter lido muito mal anteriormente! Uma dica, futuros calouros: (e isso vale para veteranos também!), não se enrolem, como a maioria, para ler todos os maravilhosos e inúmeros xerox que temos que dar conta em um semestre! Se deixarmos pro final, obviamente não daremos conta... Sim, o semestre nem chegou ao fim, mas já estou sofrendo na pele, assim como alguns de meus colegas, o transtorno de ter uma pilha de textos e mais um super livro pra ler e conseguir sobreviver também...
Porém, nem tudo está perdido! Aprendi algumas coisas depois de uma tarde inteira de estudos. Por exemplo: estava lendo sobre o significado de revolução. E isso me remeteu a todas as indignações que temos durante a vida e que pelas quais deveríamos fazer uma revolução para mudarmos tudo o que achamos de errado no mundo! Afinal, se não somos nós, os jovens, para fazer a revolução, quem fará por nós!???
Mas, calma... Não estou propondo uma super transformação, tais como a francesa ou a americana, que mudou os rumos da história e que será tema da prova de hoje... Se é pra ter uma revolução, que seja uma revolução que modifique os modos das pessoas, em seus comportamentos, a atitude delas em relação aos sentimentos, tais como compaixão, solidariedade, honestidade...
Que essa revolução fundamente a vida das pessoas e as modifique por completo!
Que seja feita uma revolução do amor!!

segunda-feira, 13 de maio de 2013

Um post sobre o surreal, trabalhos e sentimentos sobre isso.


Não sei se com vocês foi o mesmo. Mas para mim, depois de passar um ano no cursinho, aprendendo esqueminhas para  entender a matéria, cantando musicas para fixar conteúdos, e sofrer, sofrer muito por uma vaga na UFPR, ver o meu nome na lista dos aprovados, foi um tanto quanto surreal. Foi um momento de muita emoção, mas ainda assim surreal. E para falar a verdade, ainda me parece.  Dá pra acreditar, que por muitas vezes eu cheguei a pensar que eu iria chegar ao Campus no primeiro dia de aula e meu nome não estaria na lista que tivemos que assinar? (HAHAHAHAHA, Sério mesmo!). 

Mas aos poucos, com tantas coisas que já estamos vivenciando na Universidade, o “surreal” parece se dissolver aos poucos e dar lugar á realidade. Só de pensar na pilha de xerox (que por acaso, eu peguei  hoje) e que fez minha pasta estufar e quase não fechar, nos muitos capítulos de “Chatô”  ainda não lidos e nos seminários que estão por vir... Parece que vou surtar. E ainda nem mencionei as provas. 

Talvez isso tudo seja parte da inexperiência típica de calouro. Talvez seja parte de meu desespero por fazer tudo de um jeito certo. Ou pelo menos, quase isso.  Apesar de tudo, acredito que com o tempo, as coisas se ajeitem. Ou a gente se acostuma com a loucura que é estar num curso superior, o que eu acho bem mais provável. Enquanto isso, eu vou continuar a me espremer no Cabral/Portão, ficar na porta da sala de aula, antes dos professores chegarem, correr para o xerox na hora do intervalo e pirar por causa de um trabalho, que no fim das contas, pode nem ser tão complicado assim. Aliás, amanhã tem prova de História Contemporânea... Boa sorte á todos nós!

sábado, 11 de maio de 2013

A verdade


Ok, é bem verdade que entramos na faculdade imaginando só os lados bons. E eles existem, claro que sim, e são muitos!
Mas tem também um desespero chamado 'era pra ler o texto pra hoje?', aquele desânimo ao acordar lembrando que tem uma aula de História Contemporânea pela frente ou a urgência em pegar um texto no xerox, mas estar sem dinheiro. É, a faculdade não é um mar de rosas. E nós vamos aprendendo e nos adequando a isso. O despertador toca e a gente arranja forças, a gente arranja umas moedas perdidas, as tardes deixam de ser dedicadas ao Facebook e vão pra Hobsbawn (ou não). O fato é que aprender a ser estudante se confunde com 'deixar de ser calouro'. Porque a gente é zoado justamente por não saber onde é o xerox, por se perder dentro do campus, por perder o Intercampi porque não sabia o horário.
E a UFPR é um eterno aprendizado. Ela é a melhor justamente por não dar nada na mão, e te ensinar a se virar sozinho. Ué, a gente ansiou por ser adulto, né? Então agora vamos ser, vamos aprender a ser. A vida não é só a porra do seu Toddynho gelado não, moleque! Eis a verdade.

quarta-feira, 8 de maio de 2013

Um mês.

8 de Abril de 2013. O dia em que tudo, efetivamente, começou.
Há exatamente um mês, tínhamos nosso primeiro dia de "aula". Como bons calouros que somos, começamos com o pé direito: nos encontrando no terminal e indo todos juntos para a Floresta. (Quão fofo?) No encontro, alguns rostos conhecidos, outros nem tanto e muitos sorrisos envergonhados. Como a rodinha no terminal foi meu primeiro contato com a "galera", eu suava frio. Chegando na Floresta, assinamos a temida lista, nos tornamos oficialmente alunos da Federal e fomos para as palestras. Depois de muitas palavras e silêncio desconfortável, surge o barulho. Sirenes, berros e outras coisas nos indicaram: os veteranos estavam lá e o trote iria rolar. Dancinhas, cruzes e pedras depois, fomos para a parte da sujeira. Sobre a sujeira, acho que uma imagem vale mais que mil palavras:


Para completar o dia, fomos para o sinal (lá, quase morremos atropelados 1001 vezes), almoçamos (a grande maioria) no Mc, tentamos nos limpar e tivemos nossa primeira tarde no Cacos. Tudo como devia ser. 

Hoje, um mês depois, faço um balanço sobre minhas primeiras impressões sobre a faculdade. Nesses 30 (ou 31?) dias, aprendemos muitas coisas. Aprendemos que o primeiro dia de aula "de verdade" pode ser só o dia em que saberemos que os professores não vão. Aprendemos onde ficava nosso novo depósito de dinheiro: o xerox. Aprendemos que tínhamos muitos projetos para participar. Aprendemos que a cantina nem sempre está aberta e que o café do Mc é bem gostoso (apesar de caríssimo, quando pensamos no preço do nosso almoço). Aprendemos que Hannah Arendt e Hobsbawm (assim como o almoço do RU) são ótimos soníferos. E que Intercampi e InterFazenda são coisas completamente diferentes.

Mas o principal foi aprendizado, tenho certeza, foi o de entender o espírito da Federal. 
Sabem aquela história de um ajudar o outro e da transmissão de conhecimentos entre os próprios alunos? 
É a mais pura verdade.

Esse foi o primeiro mês de muitos, galera! (tipo comemoração de namoro)

Parabéns para nós. 


Obs: sei que a data merecia postagem melhor, me perdoem. Mas foi o que o tempo me permitiu fazer. Prometo que melhoro nas próximas, ok? ♥

sábado, 4 de maio de 2013

Faz valer a pena

"Vai, menina, fecha os olhos. Solta os cabelos. Joga a vida. Como quem brinca somente. Vai, esquece do mundo. Molha os pés na poça. Mergulha no que te vontade. Que a vida não espera por você. Abraça o que te faz sorrir. Não espere. Promessas, vão e vem. Planos, se desfazem. Regras, você as dita. Palavras, o vento leva. Distância, existe pra quem quer. Os olhos se fecham um dia, pra sempre. E o que importa você sabe, menina. É o quão isso te faz sorrir. E ."
                                                     Caio F. Abreu

          Umas das coisas que mais ouvimos quando entramos na aclamada vida universitária foi que o tempo passa muito rápido e que a gente tem que aproveitar do melhor jeito que pudermos, do melhor jeito que escolhermos. Acredito que para a maioria dos calouros isso pareceu mais um conselho clichê, desses que qualquer um pode dar. Mas acontece que o tempo que todo mundo passou dentro do aconchegante campus de Comunicação Social com certeza conseguiu fazer, senão todos, a maioria a pensar como os veteranos... Ou seja, a frase nunca foi clichê.
         
          É meio normal ter aquela visão de que os cursos são de quatro anos (talvez um pouco mais) e que vai dar tempo de fazer tuuudo o que a gente quiser, mas será que não nos enganamos nesse aspecto antes? Afinal, quem nunca se pegou meio, ou totalmente, nostálgico ao lembrar do ensino fundamental, médio ou simplesmente do terceirão terminado? Ou quem nunca parou pra pensar nas coisas que podia ter feito, nas oportunidades que podia ter aproveitado, mas que preferiu deixar pra ? Eu sei que na prática a teoria é outra, mas nunca é demais dar uma ênfase naquilo que é certeiro que vai acontecer e que sabemos ser verdade. Isso gira em torno de um único fato: precisamos aproveitar esses anos universitários, eles serão únicos nas nossas vidas.
      
          Com certeza cada um tem uma visão de o que é aproveitar... Participar de todos os projetos possíveis, conseguir falar com todos os que estudam , ser presente nada mais nada menos do que em todos os churrascos e festas e jogos e tardes no CACOS, enfiar as caras nos estudos e não querer saber de mais nada, ou tentar fazer tudo isso e mais um pouco. Mas isso não importa. O que importa, independente de como a gente consiga, é sair com aquele ar de realização, satisfação e com a sensação de ''fiz o melhor que eu poderia fazer, fiz valer a pena'' da nossa formatura...