terça-feira, 27 de agosto de 2013

A Floresta em 35mm

Mais registros florestianos!

Câmera: Minolta SRT 202
Filme p&b: Kodak 400TX (revelado por mim)
Filme colorido: Fujicolor Superia 400 (vencido em 2007)















 duplas exposições ♥






domingo, 11 de agosto de 2013

Eu cheguei ontem

Para melhor entendimento do texto, vou deixar uma coisa clara: eu entrei na milésima chamada (na verdade, sexta).  Agora que você, leitor, sabe disso, podemos continuar.
    
O fim do semestre chegou. Muita emoção, muitas piadas com Hannah Arendt, muitos planos sendo feitos.  Lá se vai um semestre cheio de lembranças: as reuniões antes das aulas começarem, o trote, a vinhada, o primeiro dia de aula...
      
Enquanto boa parte dessas memórias estava sendo criada, eu estava em casa, em crise, esperando que alguém percebesse que odiava publicidade e, na verdade, sua vocação era medicina. Alguém deve ter percebido, porque eu entrei.

Eu pulei essa “iniciação” toda e cheguei muito atrasada. Não conhecia ninguém. Para vocês terem ideia, eu entrei no CACOS pela primeira vez na vida provavelmente no fim de maio (o que rende muitas piadas até hoje). Na minha primeira aula cheguei atrasada e tive que me sentar na mesa do Bruno, pois não tinha mais lugar (valeu você que ficou me encarando, valeu mesmo). Na minha primeira aula com a Nádia teve prova, e ela me passou aquele seminário daora para apresentar. Sozinha. Felizmente apareceu uma dupla na última hora e salvou meu trabalho – saiba que estou agradecida até hoje.

“Nicolle, então que dizer que você fez esse texto para reclamar do seu atraso?”, você me pergunta. Pois eu te respondo: não. Esse texto é, na verdade, uma carta de agradecimento àqueles que me ajudaram nesse (meio) semestre que tive. Que viram um ser perdido por essa floresta e me socorreram. Que me mostraram o CACOS e compartilharam o amor por pebolim. Que me guiaram até o xerox e dividiram boas histórias sobre a vinhada . Que fizeram eu me sentir como se eu estivesse aqui desde o primeiro dia.

Isso aqui é para você que faz piadas do tipo “mas você não chegou ontem?”, mesmo tendo chegado meses atrás (ok, até eu faço isso às vezes). Que me mostrou que não tem problema não ser hipster, me ajudou com as matérias e me apresentou para metade dos calouros (a outra metade deve estar tentando descobrir quem sou eu).

Muito obrigada. Mesmo.

Agora, se você me perguntar onde fica a sala de estudos, eu não posso responder, afinal, eu cheguei ontem.

OBS: desculpa o texto ter ficado meio depoimento, mas ninguém me mandou convite para o Orkut, então o jeito foi postar aqui mesmo.


domingo, 4 de agosto de 2013

Cadeira de rodinhas

The Field Museum Library - CC

Já faz alguns meses que a cadeira de rodinhas que era usada aqui em casa quebrou. A solução provisória de pegar uma banqueta da mesa da cozinha acabou virando permanente. Isso porque o universo parece conspirar contra uma nova cadeira. 

Na primeira procura não encontramos nenhuma que satisfizesse nossas necessidades. Tudo bem, você deve pensar, mas é só uma cadeira. Acontece que o vendedor da primeira loja nos convenceu de que a gente tem que saber o quer: cor, textura da estrutura, tipo de estofamento etc. Enfim, uma série de especificações que me fez pensar que talvez fosse melhor fazer algum tipo de curso online sobre cadeiras para pode ir até a loja e adquirir a certa. Diante disso, e com o passar do tempo, esqueci da cadeira e me acostumei com a banquetinha.

Mas nos últimos dias eu tenho buscado por alternativas. Uma delas é ir na casa de amigos e, num determinado momento da conversa, pedir pra ver o Facebook para poder ficar na cadeira de rodinhas. Às vezes, eu também vou na Fábrica só pra poder ficar na cadeira, finjo que tenho um assunto aleatório pra tratar ou que simplesmente quero conversar com o pessoal de lá. Enquanto ouço um fabricante, fico rodando na cadeira e indo pra lá e pra cá.

Para mim, faz todo o sentido que a cadeira seja um simples indicativo de status social. Tendo a própria universidade como exemplo, os alunos utilizam uma cadeira comum, mas, indo pra os projetos de extensão, a cadeira é de rodinhas. Já os gabinetes tem cadeiras melhores ainda. Porém, dentre todas do campus, nenhuma supera a do chefe do departamento. Afinal, é sabido que tal cargo exige certa habilidade pra andar sentado e rodar sem sair do lugar. 

Pensando por esse lado de status social, acho que o certo é eu ficar com o banquinho mesmo.

quinta-feira, 1 de agosto de 2013

JMJ: desapego, amizade, fé

Todos os sentimentos que vêm à tona quando eu penso nos seis dias de Jornada são indescritíveis. É impossível tentar resumir ou passar as sensações. Mas, quando penso em linhas gerais o que mais marcou, são essas três palavras que mais chegam perto: desapego, amizade e fé.


Desapego.
Na condição de peregrino, você precisa se despojar de muitas práticas que normalmente está acostumado, e adquirir alguns hábitos que vão fazer parte da sua sobrevivência. 
Conforme os dias foram passando, notei a existência do Manual de Regras Invisível do Peregrino. Ele explica essas situações inusitadas com as quais você não está acostumado. Algumas das regras que aprendi:

- O transporte vai tomar uma grande parte do seu tempo.
Mais uma viagem de trem...
Fiquei hospedada em Campo Grande, e levava no mínimo duas horas para chegar em Copacabana. Dormi muito no trem, deitada em colos dos amigos ou encostada no saco de dormir; sentava no chão, cansada, mesmo quando o trem estava cheio. Como peregrino, você não reclama e não se estressa: só encara. Afinal, o que mais pode fazer?

- Você vai comer o que der e quando puder.
Fome é normal. Com as filas quilométricas para o transporte e com uma perspectiva de chegar em casa nada favorável, a fome se torna secundária.

- Sujeira? O que é isso?
Se você tiver levado álcool gel, ok. Caso contrário, suas mãos vão ser uma mistura de metrô com praia, e você ainda vai acabar comendo com elas.

- Quanto menos líquido, menos banheiro.
No Kit Peregrino veio o cantil de água, que felizmente não comporta muita coisa. Aquilo era o máximo que você deveria tomar por dia se não quisesse enfrentar filas homéricas para o banheiro orgânico, pagar dois reais para usar o banheiro mais limpo e um pouco menos lotado ou, em casos extremos, ter que apelar para o mar - infelizmente. Desidratada não fiquei.

Com isso em mente, você enfrentava as adversidades numa boa. Esses eram os maiores problemas dos peregrinos, mas uma coisa é certa: tudo isso vai valer a pena.

Amizade.
Os laços formados durante a viagem - seja com brasileiros ou estrangeiros - são eternos, com certeza. Por mais que as pessoas não se encontrem mais, sempre vão ficar as histórias e os sentimentos positivos. 
PJF
Fui com a Pastoral da Juventude Franciscana (PJF) de Curitiba, e parece que caí no grupo perfeito: faz poucas semanas que os conheço e tenho aquela sensação de que são meus amigos faz tempo. Embora fosse um grupo grande que sempre acabava se separando durante o dia, uns sempre olhavam pelos outros, cuidando, ajudando, rindo e compartilhando os acontecimentos. Não tem como não agradecer especialmente à Samira, à Carol, ao Marcelo, ao Claudio, ao Douglas e à Tais, que me proporcionaram momentos e conversas tão maravilhosos, me ajudaram e cuidaram tanto de mim como da minha irmã. São laços que se formam e não vão se desatar, e que continuam a ser cultivados.

Com a Marina Gaidex e o amigo da Nova Zelândia
having lunch with the lost americans
Quanto aos estrangeiros, as histórias são ótimas e muito aleatórias. 
Eu e minha irmã decidimos personalizar nossas mochilas pedindo assinaturas de todos que conhecíamos (e que ficou linda), e começamos com dois americanos que dormiram demais e seu grupo os esqueceu no hotel. Os encontramos no metrô, indo para Copacabana, e eles estavam desesperados porque não conseguiam pedir um telefone emprestado. Acabamos os ajudando e almoçando com eles, e a conversa rendeu frases como "sabe, nem todos os americanos são gordos", e duas assinaturas: Joey, the lost american e Obligado from Austen.
Durante o Festival da Juventude (um show com bandas católicas, das quais não conhecia nenhuma), as irmãs Saraiva saíram em busca de gringos: conhecemos chilenos, mexicanos, canadenses, muitos franceses e até uma egípcia. Ao final do show, uma das melhores notícias que poderiam nos dar: íamos encontrar com os poloneses! Foi uma alegria imensa, todos muito felizes e amando mais Curitiba depois de conhecer o Rio (verdade). E todos assinaram as mochilas.
Depois disso, encontramos com eles todos os dias, e nos apegamos demais. 
A amizade é um ponto marcante da Jornada porque são elas que moldam todos os acontecimentos. Os eventos em si são lindos, mas se tornam magníficos por causa dos amigos. Duas pessoas foram as que mais me fizeram bem: Jasmine Saraiva, minha companhia eterna, e Marcin Banasik, meu melhor amigo polonês. Eles se fizeram presentes nos momentos mais importantes, e sem eles a Jornada teria perdido muito da sua graça: ficar emocionada com a homilia do Papa e ser abraçada; rir juntos com as piadas internas; ter alguém que te dá seus Polenguinhos do café da manhã; ganhar ajuda com os sacos de dormir; olhar para o céu noturno de Copacabana, deitada, e ter alguém para compartilhar o sentimento de grandeza. Tudo isso é inigualável.

Jasmine & Marcin


Fé.
É desnecessário dizer que quem participou da Jornada foi movido pela fé.
João Paulo II, ao criar o evento, foi de uma grandeza de espírito imensa. Esse é o único evento não competitivo dessa magnitude. É o único que incita a amizade entre países e culturas sem qualquer sentimento de superioridade. E ele promove essa mistura que tem o Cristianismo como fundamento. Você anda em avenidas gigantescas, lotadas de pessoas caminhando na mesma direção, vê bandeiras de 50 países ao seu redor, e sabe que todas elas estão lá pelo mesmo motivo. Pela mesma crença.
Usando os mesmos termos do Papa em seu primeiro encontro com os jovens, Francisco "temperou" essa JMJ com elementos nunca vistos. É óbvio dizer que a sua humildade e sinceridade surpreende, mas ver com os próprios olhos que o Papa não está atrás de uma caixa de vidro blindado faz você se sentir diferente. O que ele diz não é algo que se ouve normalmente. É comovente, é diferente.
Na noite da vigília, com apenas o céu acima de mim, com a lua sorrindo para a praia, era impossível respirar a brisa que vinha do mar e não pensar que tudo não se encaixa por mero acaso. Era impossível não acreditar.