Não,
essa não será mais uma crônica sobre moedinhas e a vida
(econômica) sofrida do estudante universitário. E não, nada mudou
em relação a isso – inclusive o dinheiro tem escoado cada vez
mais rápido (XEROX, Valeu.).
Hoje eu
quero falar sobre uma das peças-chave da vida universitária, um
elemento que constitui quase um universo à parte em nossa
existência: o nosso “amado” transporte público. Eu,
particularmente, tenho uma relação de amor e ódio com os ônibus
de Curitiba. Mais ódio do que amor, diga-se de passagem – o
trocadilho não foi intencional, aliás. Inclusive, ultimamente um
calafrio percorre minha espinha ao mero vislumbre daquele “simpático”
ônibus laranja. Meu nemesis que leva o nome de Cabral/Portão.
Juro que,
por mim, eu andaria de ônibus tranquilamente, sem problema algum. A
questão é que o primeiro ataque veio do outro lado. Eu a princípio
até relevava algumas coisas, como o estranho fato de sempre perder a
viagem por estar do outro lado da rua – quase – toda vez que o
ônibus parava no ponto. Achava que era erro meu, eu que não via o
horário e dava o azar de cair sempre nos braços desse desencontro
cotidiano. Ok. Tudo bem. Comecei a me programar e olhar os horários.
Mas, para minha ingrata surpresa, sempre acontecia do ônibus do
horário que eu pretendia pegar, adiantar, e o do horário em
seguida, atrasar.
Mas,
novamente, tudo bem. Isso acontece.
Até que
um belo dia as coisas tomaram proporções ridículas. Voltando da
Floresta, na hora do almoço, esperando ávidamente pra chegar em
casa e não me deparar com bandejões entupidos de feijão, arroz e
vinagrete, resolvo aproveitar os 45 minutos de trajeto da melhor
forma o possível: cochilando. As coisas iam bem. Bem até demais.
Acordo
com as pessoas descendo do ônibus (que a essa altura já estava
quase vazio), ingenuamente achei que já tinha chego no terminal do
Portão. Mas não, ainda estávamos no Jardim Botânico. O motorista,
com um sorriso amarelo, anunciava que o próximo Cabral/Portão
chegaria em 5 minutos. Cinco minutos que se transformaram em 15. Por
fim chega o outro ônibus e rapidamente acolhe os desamparados
passageiros, que esperavam impacientes a sua condução salvadora.
Agora eu
chegava em casa, eu acreditava nisso. Tinha certeza. Mas essa certeza
durou apenas um ponto, pois – contra todas as probabilidades –
novamente o ônibus quebrou. Desce todo mundo. Espera mais um pouco.
Chega outro Cabral/Portão. Sobe todo mundo. O ônibus segue sofrido
graças a perversa lotação 3 em 1. Uma hora e meia depois de ter
saído do campus, chego em casa.
Eu
esperava que isso nunca mais fosse acontecer, não tão cedo. Mas no
dia seguinte, na hora do rush, mais uma vez o traiçoeiro
Cabral/Portão mostra suas garras e, quase como de birra, bate em um
carro estacionado.
“Vai
ter que chamar o seguro. É, vai demorar. Desce todo mundo, logo vem
outro”
Essas
palavras impressas na minha mente me fizeram jurar nunca mais pegar
esse ônibus recheado de Karma novamente (eventualmente eu me rendi,
como previsto). E, mais do que isso, me fizeram ponderar se isso era
castigo divino por ter passado uma tarde inteira jogando pebolim ao
invés de ter ficado estudando, como eu deveria.
O Klauss
trabalha de maneiras misteriosas.
Eu também pego o "amado" Cabral/Portão todo dia pra voltar da escola e infelizmente já posso dizer que tive experiências tão ruins quanto, se não piores,do que as suas. Na verdade, o ônibus bateu 3 vezes comigo dentro, sem falar que em uma das batidas tive que esperar o próximo ônibus por mais de 1 hora. Claro que vale mencionar,também, os constantes tumultos dentro do veículo, os assentos vomitados, a superlotação e a grande sacanagem que você menciona no começo do texto: perder o ônibus por causa de dez segundos para esperar por uns 35 minutos no meio da favela...
ResponderExcluirPois é, acho que temos um inimigo em comum
Abraços, Pedro