Esse post é um oferecimento de: Crise Existencial
Numa
época longínqua em que ainda éramos muito novos para sermos bombardeados com
perguntas como “E os namoradinhos?” nos almoços de família, aquela tia de
Piracicaba sempre emplacava outra questão: ”O que você quer ser quando crescer?”.
As respostas infantis eram muito
coerentes e lógicas: bailarina, embora não tivesse a mínima coordenação motora;
Atriz, mesmo sem o menor talento para derramar lágrimas de crocodilo; Jogador
de futebol, com duas pernas esquerdas; Astronauta, lutando contra o medo de
altura.
Em
algum momento (segundo levantamentos feitos durante a aula de Teoria do
Jornalismo, geralmente aos doze anos), as decisões foram tomando forma. A criatividade
virou inclinação para Publicidade, o desejo de escrever e contar histórias te
empurrou para o Jornalismo e [INSIRA UMA PIADINHA SOBRE FAZER CAFÉ NESTE
ESPAÇO] trouxe RP para a sua vida. Então, numa bela tarde de janeiro, vimos nossos
nomes na lista de aprovados no vestibular e pensamos que nosso futuro estava
totalmente decidido, como se magicamente todas as peças do quebra-cabeça tivessem
se encaixado e uma trajetória de sucesso óbvia estivesse definida.
Adivinha.
Não é bem assim.
Menos
de dois meses depois de as aulas começarem, já é possível perceber que escolher
um caminho para seguir é mais difícil do que parece. Ao contrário daquela prova
de física do Ensino Médio, não é possível chutar “D” de Deus ou fazer uni-duni-tê. A cada dia que passa fica
mais evidente que Comunicação é uma área vasta o suficiente para te fazer se
sentir perdido dentro do que parecia tão certo. Nesse labirinto de opções,
novas perguntas se formam ao fim de cada palestra (quando permanecemos
acordados): Diretor de arte ou Redator? Repórter ou Fotógrafo? Será que eu fico
aqui mais uns aninhos e faço mais uma habilitação? Ou mais duas? Ou presto
Cinema na FAP? Mas eu queria mesmo ser VJ da MTV! Ah, que se dane. Vou apelar
para voz e violão no barzinho mais próximo.
Acho que o grande problema é que quando
respondíamos “O que você quer ser quando crescer?” com tanta certeza e convicção,
achávamos que éramos meio Peter Pan. E agora, surpreendentemente, descobrimos
que somos Wendy e que vamos crescer sim. O pior: Já crescemos. Pelo menos no
documento de identidade.
Enquanto
o meio de campo está embolado, a megera da tia de Piracicaba continua fazendo
perguntas na ceia de Natal: “E a faculdade? E o emprego?”. No meio da confusão, nos limitamos a
dar a resposta mais manjada e evasiva de todas: “Ah tia, estou com uns projetos aí”.
Talvez porque crescemos rápido demais. Ou talvez porque não crescemos o
suficiente. Ainda.
lindíssimo!
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