segunda-feira, 20 de maio de 2013

O que Chatô espera de ti

Logo na segunda semana de aula, os calouros de Comunicação Social são incumbidos a ler Chatô, biografia romantizada de Assis Chateaubriand escrita por Fernando Morais. Isso não é visto como um problema. Afinal, é estabelecido o prazo de um semestre inteiro para lê-lo. 

No entanto, a expressão de desdém de alguns veteranos ao saberem que os calouros acreditavam nisso já adiantaria o futuro. 

Isso porque essa não é a única leitura, há os xerox. E esses consomem quase todo o tempo e dinheiro dos universitários - quem precisa juntar moedinhas para comer no R.U. quando se tem tanta coisa pra ler? Desconfio que a alma dos estudantes tenha sido vendida pelos professores à Cici, a mulher do xerox. Imagino, antes das aulas começarem, um anúncio do tipo “um pacote com 90 calouros por apenas R$100,00”. 

Mas nada consome mais o tempo que deveria ser destinado ao Chatô do que o pebolim. Não me entenda mal, mas praticar esse "esporte" na floresta é uma obrigação moral. Quão vergonhoso seria não treinar e continuar sendo ruim a ponto de perder para os próximos calouros? Quando eu sento no sofá, que fica em frente à mesa de pebolim, para ler a biografia de Chateaubriand, o Klaus exerce algum tipo influência telepática, dizendo algo como “só vem”. Ao olhar para um colega, inevitavelmente ele reproduzirá com as mãos os movimentos do jogo. Isso seguido por uma troca de olhares indicando que sim, chegou a hora de deixar Chatô de lado para jogar uma partida. 

A gente esquece, mas ele continua lá. Sabemos que num canto obscuro do nosso quarto o livro está nos esperando, com a imagem de Chateaubriand estampada. O falecido comunicador está sorrindo, debochando de todos nós, pois ele também sabe que, no final, todos sucumbirão ao resumo. A questão é em quanto tempo cada um assumirá essa derrota.

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