quarta-feira, 25 de setembro de 2013

840 horas

Não sei como ou porque, mas saí clicando desesperadamente em todos os links que encontrei no site de Comunicação Social da UFPR. Tinha acabado de passar no vestibular e sempre fui do tipo que sofre por antecipação. As férias infinitas com muito tempo ocioso só intensificaram minha ansiedade e de repente eu estava lá, devorando qualquer texto ou página que me desse pelo menos uma pista do que ia encarar nos próximos anos. Quando finalmente encontrei um PDF com a tabela de matérias optativas tive a certeza de que estava no curso certo. Foram longos minutos admirando todas as disciplinas bacanas com nomes bonitos que eu poderia fazer enquanto estivesse na faculdade. Desconfio de que todos aqueles meses sem fazer nada de útil me deixaram levemente surtada, porque juro que estava até idealizando a minha grade dos sonhos cheia de coisas sobre cinema, arte e televisão. Ao rodapé da página, um lembrete amigável: Alunos de jornalismo deveriam cursar 840 horas de optativas. No ápice da minha loucura, realmente achei que não era uma carga horária tão grande diante de quatro longos anos e tantas matérias interessantes.

Meu Deus. Como eu estava errada.

Negligenciei totalmente a palavra “optativa” e o número “840” no semestre que se seguiu, apesar dos dois elementos aparecerem juntos numa mesma frase naquele quadro enorme da coordenação. De vez em quando, alguém tentava iniciar uma conversa sobre o assunto que entrava por um ouvido e saía pelo outro. Eventualmente, o tópico “Carga horária de optativas” caiu no esquecimento e foi jogado no mesmo limbo em que hoje residem alguns outros personagens do primeiro período (Um beijo para o Chatô!).

Acontece que o tempo voou e quando me dei conta a vida estava na minha porta me cobrando aquelas 840 horas. E-mails gentis da coordenação traziam palavrinhas como “Matrícula”, “Formulário” e “Optativa HT666” de cinco em cinco minutos, sempre em fonte Comic Sans azul cobalto e em negrito para dar ênfase no que estava óbvio: Não dava mais para fugir do temido número de três dígitos. 840.


No entanto, as tais optativas perceberam que eu as menosprezei esse tempo todo e resolveram se vingar. Após dois formulários preenchidos com uma pontinha de esperança, açúcar, tempero, tudo que há de bom e matérias que pareciam ser legais, recebi como resposta o silêncio da coordenação e nenhuma mudança no Portal do Aluno. Deduzi a mesma coisa que a gente conclui quando o cara não liga no dia seguinte ou se limita a responder sua mensagem no chat com emoticons e palavras monossílabas: Ele não está tão afim de você. No caso, elas – as matérias. Esperneei, fiquei chateada e fiz mil piadas sobre o assunto para disfarçar o meu desapontamento. Uns dias depois, recebi um e-mail sobre matérias com vagas remanescentes. Cruzei os braços, fiz doce, falei que não ia tentar. Tentei. Finalmente consegui uma optativa. Ela sobrou, eu sobrei. Nos entendemos, no fim das contas. Mas não dá para deixar de pensar que apesar do meu número de três dígitos ter diminuído, ainda é grande: 810. Prometi que não ia me preocupar com isso. Afinal, se as optativas não me querem tem quem queira. Isso mesmo, vou correr atrás de eletivas. Ou não, porque eu não corro atrás de ninguém. Se elas quiserem que eu me forme que corram atrás de mim. 

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