Não sei como ou porque, mas saí
clicando desesperadamente em todos os links que encontrei no site de
Comunicação Social da UFPR. Tinha acabado de passar no vestibular e
sempre fui do tipo que sofre por antecipação. As férias infinitas
com muito tempo ocioso só intensificaram minha ansiedade e de
repente eu estava lá, devorando qualquer texto ou página que me
desse pelo menos uma pista do que ia encarar nos próximos anos.
Quando finalmente encontrei um PDF com a tabela de matérias
optativas tive a certeza de que estava no curso certo. Foram longos
minutos admirando todas as disciplinas bacanas com nomes bonitos que
eu poderia fazer enquanto estivesse na faculdade. Desconfio de que
todos aqueles meses sem fazer nada de útil me deixaram levemente
surtada, porque juro que estava até idealizando a minha grade dos
sonhos cheia de coisas sobre cinema, arte e televisão. Ao rodapé da
página, um lembrete amigável: Alunos de jornalismo deveriam cursar
840 horas de optativas. No ápice da minha loucura, realmente achei
que não era uma carga horária tão grande diante de quatro longos
anos e tantas matérias interessantes.
Meu Deus. Como eu estava errada.
Negligenciei totalmente a palavra
“optativa” e o número “840” no semestre que se seguiu,
apesar dos dois elementos aparecerem juntos numa mesma frase naquele
quadro enorme da coordenação. De vez em quando, alguém tentava
iniciar uma conversa sobre o assunto que entrava por um ouvido e saía
pelo outro. Eventualmente, o tópico “Carga horária de optativas”
caiu no esquecimento e foi jogado no mesmo limbo em que hoje residem alguns
outros personagens do primeiro período (Um beijo para o Chatô!).
Acontece que o tempo voou e quando
me dei conta a vida estava na minha porta me cobrando aquelas 840
horas. E-mails gentis da coordenação traziam palavrinhas como
“Matrícula”, “Formulário” e “Optativa HT666” de cinco
em cinco minutos, sempre em fonte Comic Sans azul cobalto e em
negrito para dar ênfase no que estava óbvio: Não dava mais para
fugir do temido número de três dígitos. 840.
No entanto, as tais optativas
perceberam que eu as menosprezei esse tempo todo e resolveram se
vingar. Após dois formulários preenchidos com uma pontinha de
esperança, açúcar, tempero, tudo que há de bom e matérias que
pareciam ser legais, recebi como resposta o silêncio da coordenação
e nenhuma mudança no Portal do Aluno. Deduzi a mesma coisa que a
gente conclui quando o cara não liga no dia seguinte ou se limita a
responder sua mensagem no chat com emoticons e palavras monossílabas:
Ele não está tão afim de você. No caso, elas – as matérias.
Esperneei, fiquei chateada e fiz mil piadas sobre o assunto para
disfarçar o meu desapontamento. Uns dias depois, recebi um e-mail
sobre matérias com vagas remanescentes. Cruzei os braços, fiz doce,
falei que não ia tentar. Tentei. Finalmente consegui uma optativa.
Ela sobrou, eu sobrei. Nos entendemos, no fim das contas. Mas não dá
para deixar de pensar que apesar do meu número de três dígitos ter
diminuído, ainda é grande: 810. Prometi que não ia me
preocupar com isso. Afinal, se as optativas não me querem tem quem
queira. Isso mesmo, vou correr atrás de eletivas. Ou não, porque eu
não corro atrás de ninguém. Se elas quiserem que eu me forme que
corram atrás de mim.
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