terça-feira, 1 de outubro de 2013

Cada pessoa é um mundo


Quando foi que comecei a ser assim tão curiosa com a vida dos outros? Sei que esse (mal?) hábito tem sido muito incentivado pelas aulas de redação ultimamente.


Todas as manhãs de segunda, quarta e sexta-feira, aproximadamente às 8:15,  pouco depois de buscar a Thaíssa para a carona habitual nós duas paramos no sexto semáforo da avenida Getúlio Vargas. Neste semáforo está o senhor que distribui jornais Métro. Nós abrimos a janela e acenamos para ele, pedindo um jornal. Ele vem até nós sorrindo, nos entrega um exemplar e diz: “Bom trabalho, meninas.”
Uma vez parei sozinha lá numa terça-feira e acenei para o senhor. Ele veio até mim alegre como sempre e repetiu a frase costumeira; “Bom trabalho, meninas.”
Ele não reparou que eu estava sem companhia dessa vez.
Fiquei pensando então, será que ele reconheceu mesmo o carro e pensou, “Ah! São aquelas meninas que sempre param aqui nas segundas, quartas e sextas.” Ou será que ele deseja bom trabalho para todos aqueles que pegam seu jornal? Mas isso não explicaria o uso do vocativo “meninas”.
Prefiro acreditar que ele já nos conhece, que é nosso amigo de rotina.
Quantas pessoas assim a gente não encontra no decorrer da vida? Pessoas que ficamos sem saber o nome e que nos fazem companhia todos os dias por breves segundos ou no máximo uns poucos minutos.
A vida inteira me interessei em inventar histórias para elas, pensar o que elas faziam durante todo o resto do dia em que não as via.
Mas nunca, até esse ano, me interessei pela real história da vida delas. Quem é esse senhor que me entrega jornais Métro três vezes na semana? Qual é o seu nome? Será que ele tem outro emprego durante o resto do dia? Quantos anos ele tem? Terá família?
São poucos os segundos que interajo com ele, mas são o suficiente para que eu me lembre bem do seu rosto e ele do meu. Queria poder lhe dizer que na verdade não trabalho, apenas estudo. Queria saber mais sobre ele. O tempo que o semáforo permanece fechado é curto demais para isso.

Um comentário:

  1. Adorei Lu!!
    O Senhor do Métro. Realmente precisamos descobrir o nome dele. :D

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